Outras 5.368 têm mais habitantes, indicam novos dados do órgão; municípios com maior acréscimo devem receber mais verbas federais
A nova estimativa de habitantes no Brasil divulgada nesta 5ª feira (29.ago.2024) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) deve alterar a distribuição de recursos de transferências federais às cidades, como o FPM (Fundo de Participação dos Municípios).
São 195 municípios com um número menor de habitantes do que o inDiformado no Censo 2022 e 5.368 com mais habitantes. Há, ainda, 6 municípios com exatamente a mesma população.
Os dados são usados como base para a criação de políticas públicas. A população do município é um dos parâmetros utilizados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) para o cálculo da distribuição de recursos federais entre as cidades.
Os municípios que lideram o “encolhimento” nas estimativas são:
- Porto Alegre do Norte (MT), com 1.341 habitantes a menos;
- Nossa Senhora do Livramento (MT), com 1.282 habitantes a menos; e
- Santana do Araguaia (PA), com 730 a menos.
Consulte mais abaixo neste texto todas as cidades.
QUEM MAIS CRESCEU
Nem todos os municípios que tiveram um aumento populacional devem receber uma fatia maior dos recursos. Como muitos municípios tiveram revisão de dados para cima, é provável que os que tiveram incremento pequeno na população não recebam uma fatia maior ou até mesmo percam dinheiro federal.
A cidade com o maior crescimento absoluto na estimativa de população foi o Rio de Janeiro. Os novos dados indicam 6.729.894 habitantes, uma diferença de mais de 518 mil habitantes (ou 8,3%) em relação à população divulgada pelo Censo de 2022.
Na sequência estão São Paulo (444 mil habitantes a mais), Manaus (216 mil) e Brasília (166 mil). Como há uma grande diferença em relação aos números anteriores, é provável que essas cidades passem a receber uma fatia maior dos recursos federais.
A cidade com o maior aumento percentual em relação aos dados do Censo foi Irapuru (SP), com população 20,3% maior. É seguida por Seringueiras (RO), com 16% mais. No top 10 também estão Pacaraima (RR) e Boa Vista (RR), com 14% a mais de população cada.
Consulte na tabela abaixo ou clique aqui para ler a variação na população de cada uma das cidades:
NOVOS DADOS DE POPULAÇÃO
ova estimativa divulgada nesta 5ª feira (29.ago) pelo IBGE indica que a população brasileira até 1º de julho de 2024 era de 212.583.750 habitantes. Antes, no Censo de 2022, que tem como data de referência julho de 2022, foram contabilizadas 203.062.512 pessoas.
É errado, no entanto, inferir que houve um aumento de população de 9,5 milhões de pessoas em 2 anos. O que houve foi um recálculo da população de 2022 depois de uma investigação sobre erros ocorridos no Censo. Com o recálculo, a população de julho de 2022 agora é estimada em 210.862.983.
Os dados foram publicados na edição desta 5ª feira (29.ago.2024) do Diário Oficial da União. Eis a íntegra da portaria (PDF – 11 MB).
Os dados foram publicados depois da divulgação, em 22 de agosto, da PPE (Pesquisa de Pós-Enumeração) do Censo Demográfico 2022. Nessa pesquisa, o IBGE mapeia falhas na contagem de domicílios ou pessoas, que podem ser por omissão ou inclusão indevida. O estudo estimou uma taxa de erro líquido de 8,3% nos dados do Censo.
A pesquisa é usada para calibrar o resultado em projeções posteriores. “Em qualquer país do mundo, a operação censitária tem falhas. Por isso, é importante observamos e localizarmos esses erros”, explicou durante a divulgação do resultado Juliana Queiroz, coordenadora da pesquisa.
Conforme os dados, o Estado de São Paulo segue sendo o mais populoso, com 45.973.194 habitantes. É seguido por Minas Gerais, que tem 21.322.691 de pessoas, e pelo Rio de Janeiro, com 17.219.679.
Leia abaixo o quanto mudou a população de cada unidade da Federação:
Na outra ponta da lista, com a menor população, está Roraima, com 716.793 habitantes. Foi justamente o Estado onde foi observado o maior crescimento populacional frente à estimativa anterior (636.707), com alta de 12,58%. Já Alagoas teve o menor crescimento no período, de 2,95%.
O IBGE tem sofrido ao longo das últimas décadas com falta de verbas e influência políticas de sucessivos governos. Em 1990, recém-eleito presidente da República, Fernando Collor de Mello adiou o Censo daquele ano.
Em 2020, por causa da pandemia de coronavírus, o Censo também teve de ser adiado para 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro.
Em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou para comandar o IBGE um dos quadros representativos da esquerda de seu partido, o PT. Assumiu o comando do instituto o economista Marcio Pochmann, graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestre e doutor em economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Sob Pochmann, o IBGE teve um episódio até hoje não muito bem explicado: uma nova edição do “Atlas Geográfico Escolar” que continha erros (errava a formação a Terra em 70 milhões de anos), como relatou esta reportagem do Poder360. O atlas, que colocava o Brasil no centro do mapa-múndi, teve milhares de cópias impressas e enviadas a escolas públicas, e não se sabe se esses exemplares foram descartados nem o custo que essa operação teve.