Raul Moreira | Um novo olhar para o Jovem Aprendiz nas empresas de tecnologia

Programa é oportunidade estratégica para capacitar talentos e moldá-los à estrutura das empresas com custo-benefício

No complexo e dinâmico cenário em que vivemos, a busca por talentos que combinem conhecimento, comprometimento e melhor relação custo-benefício são pauta estratégica para as grandes empresas, em especial para o setor de tecnologia. 

Nesse contexto, o Programa Jovem Aprendiz emerge como uma solução de enorme potencial, especialmente para um mercado que demanda constante renovação e adaptabilidade para fazer frente à ferrenha competição imposta pela transformação digital, intensificada cada vez mais pelo fenômeno da inteligência artificial.

 

Considerando o potencial aumento de custos junto aos setores que demandam fortemente capital humano, a partir da provável redução de vantagens relacionadas à desoneração da folha de pagamento, é necessário um novo olhar sobre as oportunidades existentes na busca por maior eficiência operacional, sem perda de competitividade.

Fundamentado na Lei da Aprendizagem (10.097 de 2000), o programa visa a capacitar jovens de 14 a 24 anos, inserindo-os no mercado de trabalho por meio de uma formação técnico-profissional mais alinhada com o mundo empresarial. Essa formação combina aulas teóricas e atividades práticas nas empresas contratantes, permitindo que os jovens adquiram conhecimento e habilidades diretamente aplicáveis ao trabalho.

A importância do programa não se restringe apenas à formação dos jovens. Para as empresas, os benefícios são numerosos e estratégicos. Um ponto de destaque é a possibilidade de moldar esses jovens talentos segundo a cultura e as necessidades da organização, criando uma base sólida para colaboradores altamente alinhados, comprometidos e fiéis ao propósito da empresa.

É possível que já exista, há algum tempo, uma visão distorcida em relação às formas de aplicação do Programa, se confundindo com uma antiga interpretação de que seria voltado apenas para acolher o “menor aprendiz, carente e que só pode servir cafezinho e tirar cópias”. No entanto, isso não existe na legislação atual e pode ter uma origem, muitas vezes, a partir de uma visão restrita e distorcida sobre as amplas possibilidades previstas nesse modelo de contratação.

Com base no arcabouço regulatório e diante das diversas alternativas hoje existentes para uma formação mais rápida e assertiva no mundo tecnológico, principalmente apoiada pelas escolas técnicas de nível médio, seria plenamente viável transformar o Programa Jovem Aprendiz numa das principais portas de entrada para qualquer organização, pois o programa, inclusive, é voltado também para jovens adultos (até 24 anos), desde que estejam estudando e recebam orientação de uma entidade qualificadora previamente autorizada.

As vantagens para as empresas participantes são inúmeras, a começar pela redução dos custos operacionais. Mesmo não sendo o ponto determinante para a escolha do programa, a contratação dos jovens aprendizes oferece uma relação custo-benefício claramente favorável. As empresas pagam apenas 2% do FGTS (vis-a-vis alíquota de 8% do modelo tradicional) e ao final do contrato com prazo máximo de 2 anos, são isentas de eventuais multas rescisórias e aviso prévio remunerado, caso não queiram dar continuidade na relação.

O programa permite que as empresas formem profissionais desde o início de suas carreiras, alinhando-os às suas necessidades e cultura organizacional. Esse aspecto é crucial para empresas de tecnologia que dependem de talentos altamente qualificados e comprometidos. A possibilidade de efetivá-los, após o limite de 2 anos do contrato de aprendizagem, facilita a retenção de talentos que já conhecem a empresa e suas operações.

A juventude é uma fonte inesgotável de inovação, algo vital para o setor de tecnologia que vive em constante evolução. Esses jovens, muitas vezes mais adaptáveis às novas tecnologias e metodologias, podem contribuir significativamente para o avanço da empresa. Investir no Programa Jovem Aprendiz não deve ser visto apenas como uma obrigação legal, mas sim como uma estratégia de negócios mais inteligente, conectada com o compromisso de responsabilidade social e educacional junto à sociedade em geral.  

Não podemos desprezar a capacidade desses jovens de se transformarem numa mola propulsora de novos negócios e na principal porta de entrada de talentos para a empresa, mesmo para execução de atividades de alto valor agregado e que demandam conhecimentos especializados, adotando-se apenas uma estratégia de formação e supervisão mais adequada e adaptada ao contexto do Programa.

Ao proporcionar oportunidades de aprendizado e desenvolvimento para os jovens, as empresas de tecnologia contribuem para uma sociedade mais justa e equitativa. Além disso, fortalecem sua imagem como empregadores responsáveis e empresas educadoras, comprometidas com o futuro, o que pode atrair ainda mais talentos e parcerias valiosas.

Por combinar benefícios práticos, tanto financeiros como operacionais, e a formação de talentos alinhados à cultura organizacional, o Jovem Aprendiz se apresenta como uma das estratégias mais relevantes a serem consideradas pelas organizações que buscam inovar, crescer e cumprir seu papel social como “empresa educadora”.

Para o Instituto J&F, uma organização que busca constantemente reforçar seu papel como um centro de educação para os negócios, visualizamos o Programa Jovem Aprendiz como uma oportunidade ímpar, que solidifica ainda mais a ponte entre as empresas e a educação e fortalece o propósito de formação de pessoas como algo central na estratégia de negócios.

Fonte: Poder 360

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