O governo de Vladimir Putin indicou que os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, teriam decidido autorizar a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance. Para o Kremlin, a manobra poderia representar uma escalada no conflito no leste europeu.
“A decisão já foi tomada, a carta branca e as indulgências serão dadas a Kiev. Então, estamos prontos para tudo. E nós vamos reagir de uma forma que não será bonita”, disse, neste sábado 14, o vice-chanceler russo Serguei Riabkov.
A cartada retórica da Rússia acontece no momento em que o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, está nos EUA para discutir a questão com o presidente Joe Biden.
Britânicos e norte-americanos contrariam Putin, indicando, por exemplo, que a Rússia estaria envolvida em um processo de enriquecimento de urânio sustentado pelo Irã. O objetivo da parceria seria viabilizar a construção de armamento nuclear.
Nesta semana, o presidente russo disse que, caso os EUA autorizem o uso de armas de longo alcance pela Ucrânia, a situação “mudaria substancialmente a essência e a natureza do conflito”. Na prática, segundo Putin, “isso significará que os países da OTAN, os EUA e os Estados europeus estão lutando contra a Rússia”.
Até agora, porém, Washington nega que tenha pretensão de mudar a sua política de emprego de armas de longo alcance.
Para o porta-voz de segurança nacional do governo Biden, “não há mudança na nossa visão acerca do provimento de capacidades de ataque de longo alcance para a Ucrânia dentro da Rússia”. Ele indicou que não há anúncio sobre o tema. Ao menos, por enquanto.
A tentativa de Putin de traçar o limite sobre até onde a OTAN pode ir não é novidade. Ele já o fez no passado recente, mas, agora, a Rússia se vê em um momento em que tenta tomar o controle da região de Donetsk, na Ucrânia.
A título de hoje, também pesa o fato de que as tropas russas buscam intensificar uma contraofensiva em Kursk, a região que vem sendo atacada nas últimas semanas pela Ucrânia.
Em meio à intensificação do conflito, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vem pedindo uma autorização para usar mísseis de longo alcance. Um dos argumentos do governo ucraniano é que a ofensiva em Kursk mostrou que a Rússia tem pouca capacidade de retaliação. O argumento é rechaçado pelo Kremlin.
Ainda não há solução no horizonte, mas, apesar da negativa formal, o governo Biden poderá avançar na concessão. Nesta semana, o jornal The New York Times informou que fontes da Casa Branca sinalizaram que uma das opções seria permitir que Kiev usasse mísseis europeus com tecnologia norte-americana.