Carlos Thadeu | Juros no Brasil e nos EUA em caminhos opostos

A incerteza fiscal e o cumprimento das metas econômicas continuam impactando a confiança no cenário econômico

Na última Super 4ª, em 18 de setembro, 2 dos principais bancos centrais adotaram direções opostas em relação às suas taxas de juros. O Bacen (Banco Central do Brasil) elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, alcançando 10,75%, retomando o nível registrado em maio deste ano. Foi a 1ª vez que o Bacen aumentou a taxa básica de juros desde agosto de 2022. 

Em contrapartida, o Fed (Federal Reserve), banco central dos Estados Unidos, reduziu os juros em 0,50 ponto percentual, para o intervalo de 4,75% a 5% ao ano, no 1º corte desde março de 2020.

No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) justificou (PDF – 45 kB) o aumento da Selic pelos riscos crescentes de inflação, como a desancoragem das expectativas e a persistência da pressão inflacionária no setor de serviços. 

No momento, a inflação pode ser considerada sob controle, mas as projeções avançam, tendo o encarecimento da energia como mais um fator. O aquecimento da atividade econômica e do mercado de trabalho, mais intenso que o esperado, também tem contribuído para manter a inflação acima da meta. 

A incerteza fiscal e o cumprimento das metas econômicas continuam impactando a confiança no cenário econômico. Para ancorar as expectativas inflacionárias e garantir a estabilidade, é fundamental adotar uma política fiscal sólida. 

Espera-se que o governo implemente novos ajustes fiscais para cumprir as metas orçamentárias de 2024, sobretudo no que diz respeito ao limite de despesas estabelecido pelo novo marco fiscal. Um ajuste fiscal mais rígido pode ser necessário para evitar que o país ultrapasse a banda inferior da meta de superavit primário, o que demandaria um aperto monetário ainda mais severo.

No cenário internacional, as incertezas permanecem, principalmente em relação ao ritmo de desaceleração da inflação nos Estados Unidos. A decisão do Fed de reduzir os juros pode aliviar o mercado brasileiro, uma vez que investidores costumam buscar ativos em economias emergentes, como o Brasil, quando os juros norte-americanos caem. 

Isso pode fortalecer o real, que vinha sofrendo desvalorização por causa da valorização do dólar e da alta dos juros nos EUA. A queda nas taxas norte-americanas, portanto, pode criar um ambiente mais favorável para que o Bacen considere flexibilizar sua política monetária no futuro.

Apesar dos impactos negativos que o aumento da Selic pode ter sobre o crescimento econômico no curto prazo, o ciclo de alta é considerado necessário para controlar a inflação e evitar um aumento ainda maior nas taxas de juros de longo prazo.

Fonte: Poder 360

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