Bets receberam R$ 10,5 bi de beneficiários do Bolsa Família

Segundo levantamento, brasileiros cadastrados no programa transferem, em média, R$ 147 por mês para as casas de apostas

Um levantamento do BC (Banco Central) mostrou que as casas de apostas receberam R$ 10,51 bilhões de beneficiários do Bolsa Família de janeiro a agosto deste ano. Os pagamentos foram feitos via Pix. O estudo foi feito a pedido do senador Omar Aziz (PSD-AM). Eis a íntegra do documento (PDF – 312 kB).

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse nesta 3ª feira (24.set.2024), durante evento em São Paulo, que o dado é “bastante preocupante”  e tem tido efeito na inadimplência das famílias. Segundo o levantamento, mais de 8,9 milhões de pessoas pertencentes ao programa enviaram os recursos para as casas de apostas. O valor médio foi de R$ 1.179 por pessoa de janeiro a agosto.

Os dados mostram que o gasto médio pelos beneficiários do Bolsa Família foi de R$ 1,31 bilhão por mês, ou R$ 147 por pessoa. Destas pessoas apostadoras, 5,4 milhões (60,5%) são chefes de família –quem, de fato, recebe o benefício– e enviaram R$ 6,23 bilhões (59,3%) por Pix para as bets.

Os homens apostam em proporção maior que as mulheres. A cada 100 homens, 32 apostaram, enquanto a cada 100 mulheres, 28 apostaram. O levantamento do BC considera somente os recursos enviados para as bet por Pix, excluindo outras formas de pagamento, como cartões de débito e crédito.

Segundo o senador Omar Aziz, as bets ficaram com 98,2% dos recursos enviados (R$ 10,51 bilhões). Os dados do Banco Central considera somente 36 casas de apostas, que, segundo o documento, são as principais patrocinadoras de eventos esportivos.

PERFIL DE APOSTADORES

O BC disse que aproximadamente 24 milhões de pessoas físicas participaram de jogos de azar e apostas no Brasil de janeiro a agosto de 2024. Elas fizeram ao menos uma transferência via Pix para as empresas durante o período analisado.

As bets receberam R$ 20,8 bilhões em agosto. Os valores mensais variam de R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões, segundo a autoridade monetária. “Esses valores representam as transferências brutas, ou seja, é uma estimativa do quanto foi apostado no mês. Com base nas transferências que são feitas dessas empresas para pessoas físicas, estimamos que aproximadamente 15% do que é apostado seja retido pelas empresas, como o restante distribuído aos ganhadores a título de prêmio”, disse a nota técnica do BC.

A maioria dos apostadores tem de 20 a 30 anos, mas também há pessoas de outra faixa etária. O valor médio mensal das transferências aumenta conforme a idade. Para os mais jovens, era de R$ 100 por mês. Já para os mais velhos pode ser de R$ 3.000 por mês, segundo dados de agosto.

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Reprodução/Nota técnica

Levantamento do Banco Central sobre o perfil dos apostadores do Brasil

O Banco Central estima que, em agosto, 5 milhões de pessoas pertencentes ao Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhão via Pix. “Esses resultados estão em linha com outros levantamentos que apontam as famílias de baixa renda como as mais prejudicas pela atividade das apostas esportivas. É razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira”, declarou a nota técnica.

O Banco Central disse ainda que precisa de mais dados e tempo para avaliar com maior “robustez” as implicações dos jogos para a economia, estabilidade financeira e o bem-estar financeiro da população.

Eis a nota encaminhada pelo senador Omar Aziz ao Poder360:

“Bets já receberam pelo menos R$ 10,51 bilhões de beneficiários do Programa Bolsa Família neste ano

“No período de 1/1/2024 a 31/8/2024, 8,91 milhões de pessoas pertencentes a famílias beneficiárias do Bolsa Família (PBF) enviaram R$ 10,51 bilhões às empresas de aposta utilizando a plataforma Pix. O volume corresponde a aproximadamente R$ 1,31 bilhões por mês, ou R$ 147 reais por pessoa por mês. Dessas pessoas apostadoras, 5,4 milhões (60,5%) são chefes de família (quem de fato recebe o benefício) e enviaram R$ 6,23 bilhões (59,3%) por Pix para as bets.

“Do total de adultos cadastrados no PBF, os homens apostam em proporção maior do que as mulheres. A cada 100 homens, 32 apostaram; enquanto a cada 100 mulheres, 28 apostaram. Essa proporção se inverte ao analisar o grupo de chefes de família, em que as mulheres apostam em proporção maior que os homens. A cada 100 homens chefes de família, 20 apostaram; ao passo que a cada 100 mulheres chefes de família, 27 apostaram. Vale notar que de cada 100 chefes de família, 83 são mulheres.

“Os números se originam de um primeiro levantamento feito pelo Banco Central do Brasil, que subestima os valores enviados para as bets por duas razões. Ele considera apenas os recursos enviados por Pix. Ou seja, deixa de levar em conta os valores das apostas pagas por outros meios, como cartões de débito e de crédito, por exemplo. Outra razão é que o levantamento só considera 36 bets, aquelas principais patrocinadoras de eventos esportivos. Nesse último estudo, ainda estamos fazendo um filtro para empresas que utilizam um mesmo cnpj para loterias e outros serviços”. 

Fonte: Poder 360

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