Os tempos são bradados como difíceis, as relações são tratadas de modo efêmero, o profissionalismo dantes assumido pelas partes que carregam o funcionalismo são descumpridos através de atitudes desconexas, inexatas e o vocábulo “pós-verdade” perambula firme e forte pelo nosso contexto como se a normalidade fosse seu sinônimo.
Ao parar e pensar, sair daquela rotina da correção de redações, das aulas preparadas, dos cursos ministrados, consigo adentrar a esse mundo de interrogações, essa situação de muitas informações e pouca sabedoria. A esse epilético momento, essa turbulenta situação, essa ineficiência juvenil, esse marasmo do cidadão.
Não sair do casulo tornou-se cômodo e confortante, manter-se neutro, incapaz, é sim o conquistar do bastião da verdade. Ninguém mais quer opinar, esse tornou-se um exercício escasso nos tempos atuais, e aqueles que se lançam nesta dissertação acabam por serem taxados de imprecisos, de preconceituosos, de destruidores da moral e dos bons costumes. Está certo que a internet deu vida aos ignorantes, ali a exposição da precariedade de opiniões são lançados, mas é preciso preservar este momento do engrandecimento democrático, há que se respeitar o contrário, há que se aprender a lapidar os conceitos, a ouvir o outro, mesmo que suas posições sejam divergentes e até intransigentes.
A falta de diálogo, a ausência de palavras e sua substituição por caracteres ou símbolos, gestos, pode levar-nos a um abismo. Essa falta de preocupação com o outro, este isentar-se das responsabilidades cidadãs, pode ser um ganho momentâneo, no entanto é o suicídio de uma espécie, que infelizmente se acabará não pelo anunciado Juízo Final ou algo científico parecido, mas pela ineficácia do raciocínio, pela morosidade do pensar, por acreditar em tudo que os enlatados nos vendem, por essa mídia acostumada à manipulação, por Governantes acocorados em suas bases defendendo os seus interesses e se esquecendo do povo, e, principalmente, cidadãos acovardados, ingratos pelo egocentrismo, apequenados pela ignorância lúcida, acostumados a remar com a maré.
Enquanto o ostracismo fizer parte desse nosso momento, enquanto não pararmos e ouvirmos os nossos semelhantes,
lançarmos o debate, abrirmos as barreiras preconceituosas que nos rodeiam, deixarmos de contar com o favorecimento, com indicações paternais, não seremos dignos e aptos às reivindicações que bradamos. A situação chegou a este estado lastimável, porque deixamos, provocamos, somos cúmplices. Precisamos acabar logo com isso!
Prof. Sérgio A. Sant’Anna