Pesquisadores mostraram que Antártica está passando por um processo acelerado de cobertura vegetal
4 out
2024
– 11h01
(atualizado às 12h32)
Cientistas fizeram um alerta nesta sexta-feira, 4, mostrando que a Antártica está passando por um processo acelerado de crescimento da cobertura vegetal, isto é, a Antártica está ficando “mais verde”. A situação tem sido observada nos últimos 40 anos, e aumentou mais de 10 vezes no período.
Isso significa que a área coberta por vegetação passou de menos de um quilômetro quadrado, em 1986, para quase 12 quilômetros quadrados em 2021. O estudo foi feito pelas universidades de Exeter, Hertfordshire e pelo British Antarctic Survey, e publicado na revista Nature Geoscience.
Segundo a pesquisa, que usou imagens de satélite para analisar o caso, a região está sendo aquecida mais rápido do que a média global, devido ao calor extremo mais frequente no planeta. Isso também acontece em outras áreas polares.
O Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos EUA (NSIDC) divulgou nesta semana uma estimativa segundo a qual o continente atingiu seu segundo menor pico de gelo marinho este ano. O valor corresponde a uma máxima de 17,16 milhões de km², o segundo menor número já registrado em 46 anos de monitoramento. O recorde de mínima aconteceu em 2023.
A queda acentuada do gelo marinho do inverno nos últimos dois anos mostra os efeitos do aquecimento dos oceanos, segundo o pesquisador Ted Scambos, do Instituto Cooperativo de Pesquisas em Ciências Ambientais (CIRES), em um comunicado do NSIDC. O órgão informou ainda que a taxa é preliminar, e pode aumentar devido às condições meteorológicas.
Neste mês de outubro, um relatório completo será divulgado com detalhes sobre as causas desse fenômeno que tem deixado a Antártica mais verde. No entanto, já é possível constatar que, entre 2016 e 2021, houve uma aceleração do crescimento da vegetação no continente, com expansão de mais de 400 m² por ano.
Vegetação cresce
Conforme mostram estudos anteriores, feitos com amostras de ecossistemas dominados por musgo, o crescimento das plantas estava mais intenso. “As plantas que encontramos na Península Antártica – principalmente musgos – crescem em condições possivelmente das mais extremas do planeta”, afirmou Thomas Roland, pesquisador da Universidade de Exeter e um dos autores do estudo.
Ainda que a paisagem seja dominada por neve, gelo e rochas, a fração que é tomada por plantas cresceu de uma forma “dramática”, diz Roland. Isso mostra o impacto das mudanças climáticas causadas pelo homem.
Existe a possibilidade da vegetação crescer ainda mais no continente, ao longo dos anos. Isso porque, embora o solo seja pobre e quase inexistente, ele irá ganhar cada vez mais matéria orgânica e aquecer, propiciando o crescimento de novas plantas.