Não é papel do BC regulamentar as bets, diz Galípolo

Indicado para a presidência afirma que o Banco Central tem papel de “compreender” o impacto dos gastos em consumo e endividamento das famílias

O diretor de Política Monetária do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, 42 anos, disse nesta 3ª feira (8.out.2024) que a autoridade monetária não tem atribuição de regulamentar as bets, as casas de apostas. Afirmou que a função do BC é compreender o impacto dos gastos em consumo e endividamento das famílias.

O Poder360 antecipou, em setembro, um estudo do Banco Central que mostra que os beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 10,5 bilhões com as casas de apostas em 2024, sendo R$ 3 bilhões só em agosto.

Galípolo declarou que o BC verificou um “vazamento” que não era simples de identificar. A autoridade monetária fez estudos e conversou com os bancos que podiam ter mais dados e acesso a informações sobre isso.

Eu confesso que, nas primeiras reuniões, quando os números foram apresentados, eu tive uma grande desconfiança e, a cada reunião, os números iam se confirmando até chegar no montante que ficou público no estudo que o Banco Central fez”, disse.

Galípolo participa nesta 3ª feira (8.out) de sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado para substituir Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central a partir de janeiro de 2025.

Essa é a 2ª sabatina que Galípolo enfrenta na comissão. Em 4 de julho de 2023, passou pela CAE para ser diretor do BC. Leia aqui o que ele disse na época. O Senado nunca rejeitou indicado à presidência do Banco Central.

Assista à sabatina ao vivo:

HISTÓRICO DE SABATINAS

Em 4 de julho de 2023, a sabatina de Galípolo durou 2 horas e 25 minutos. Teve menos perguntas de senadores: somente 10 participaram na época. A sessão também teve a participação de Ailton Aquino, que foi aprovado para ser diretor de Fiscalização do Banco Central.

Leia abaixo o que disse Galípolo em 4 de julho de 2023:

A INDICAÇÃO DE GALÍPOLO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oficializou a indicação de Gabriel Muricca Galípolo à presidência do Banco Central em 28 de agosto de 2024. Já era um movimento esperado. O atual chefe da autoridade, Roberto Campos Neto, deixa o cargo em 31 de dezembro deste ano.

Galípolo é aliado de Lula. Foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda no começo do atual governo, em 2023. Em outras palavras, era o número 2 do ministro Fernando Haddad.

O indicado é diretor de Política Monetária da autoridade desde julho de 2023. Para assumir a vaga, também foi sabatinado no Senado. Ou seja, é a 2ª vez que ele passa pelo crivo da Casa em menos de 2 anos.

Gabriel Galípolo tem 42 anos. É formado em Ciência Econômica e mestre em Economia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Começou na máquina pública em 2007, na gestão de José Serra (PSDB), em São Paulo. Saiba nesta reportagem mais detalhes da vida e da carreira do diretor.

Gabriel Galípolo participou de 10 reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), quando o Banco Central decide o patamar da Selic (taxa básica de juros). Votou com o presidente Campos Neto em 9 ocasiões.

A única reunião do colegiado em que divergiu de Campos Neto foi a de maio de 2024 –quando todos os indicados do governo Lula votaram por um corte de 0,50 ponto percentual na Selic. Os integrantes mais antigos optaram por uma redução menor, de 0,25 ponto percentual.

Galípolo subiu o tom sobre a condução dos juros depois do encontro de julho. Foi uma forma de aumentar a confiança do mercado nos indicados de Lula. O diretor disse que a autoridade aumentaria os juros em uma eventual necessidade.

Lula agora tem que indicar 3 nomes para o órgão: 2 para substituir diretores que terminam o mandato em 31 de dezembro de 2024 e 1 para a vaga deixada por Galípolo.

Fonte: Poder 360

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