Senadores ainda vão avaliar o economista no Plenário; escolhido por Lula deve ser aprovado com folga
A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado aprovou por unanimidade nesta 3ª feira (8.out.2024) a indicação do economista Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central.
Galípolo é o escolhido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para substituir Roberto Campos Neto a partir de 2025. Atualmente, é diretor de Política Monetária da autoridade.
O economista ainda precisa passar por uma avaliação no plenário do Senado. Espera-se que seja realizada ainda nesta 3ª feira (8.out). Deve passar com folga.
Ele ficará no cargo por 4 anos, se receber o crivo dos senadores. Há ainda a possibilidade de recondução por igual período, caso o presidente da República volte a indicá-lo.
A aprovação no Plenário é tida como certa. Historicamente, a Casa Alta nunca rejeitou um nome indicado para presidente do Banco Central. Alguns congressistas na CAE já se referiam a Galípolo como “presidente”.
Assista à sabatina:
Abaixo, destaques da sessão:
- bets – segundo Galípolo, o papel do BC não é regulamentar as casas de apostas, mas compreender o impacto dos gastos em consumo e endividamento;
- inflação – afirmou que a expectativa “incomoda” e mencionou a economia aquecida acima do esperado como influência para a alta dos preços;
- CMN – o diretor defendeu que o BC não vote na meta da inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional. “Muito estranho que quem vai ter que perseguir a meta seja responsável por estabelecer a meta”, declarou;
- polarização – Galípolo disse ser bem tratado por Lula e Campos Neto e que não vai corroborar o racha entre governo e BC.
Assim como Galípolo, Campos Neto também foi aprovado por unanimidade quando foi sabatinado no Senado, em 2019.
A INDICAÇÃO DE GALÍPOLO
Lula oficializou a indicação de Gabriel Muricca Galípolo à presidência do Banco Central em 28 de agosto. Já era um movimento esperado. O atual chefe da autoridade, Roberto Campos Neto, deixa o cargo em 31 de dezembro.
Galípolo é aliado de Lula. Foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda no começo do atual governo, em 2023. Em outras palavras, era o número 2 do ministro Fernando Haddad.
O indicado é diretor de Política Monetária da autoridade desde julho de 2023. Para assumir a vaga, também foi sabatinado no Senado. Ou seja, é a 2ª vez que ele passa pela Casa em menos de 2 anos.
Gabriel Galípolo tem 42 anos. É formado em Ciência Econômica e mestre em Economia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Começou na máquina pública em 2007, na gestão de José Serra (PSDB), em São Paulo. Saiba nesta reportagem mais detalhes da vida e da carreira do diretor.
Gabriel Galípolo participou de 10 reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), quando o Banco Central decide o patamar da Selic (taxa básica de juros). Votou com o presidente Campos Neto em 9 ocasiões.
A única vez que divergiu de Campos Neto foi a de maio de 2024 –quando todos os indicados do governo Lula votaram por um corte de 0,50 ponto percentual na Selic. Os integrantes mais antigos optaram por uma redução menor, de 0,25 ponto percentual.
Galípolo subiu o tom sobre a condução dos juros depois do encontro de julho. Foi uma forma de aumentar a confiança do mercado nos indicados de Lula. O diretor disse que a autoridade aumentaria a taxa básica em uma eventual necessidade.
Lula agora tem que indicar 3 nomes para o órgão: 2 para substituir diretores que terminam o mandato em 31 de dezembro de 2024 e 1 para a vaga deixada por Galípolo.