William Rogatto admitiu durante CPI na 3ª feira (8.out) ter lucrado cerca de R$ 300 milhões com o rebaixamento de times
William Rogatto, identificado como chefe de um esquema de apostas, afirmou à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que manipulou jogos de futebol no Brasil e que pagava R$ 50.000 a árbitros. Durante a sessão sobre manipulação de jogos e apostas esportivas, ele disse ter lucrado cerca de R$ 300 milhões com esse esquema, que se beneficia do rebaixamento de times.
Rogatto se declarou réu confesso, afirmando que já rebaixou 42 times de futebol e atuou nas federações de todos os Estados brasileiros, no Distrito Federal e em 9 países, incluindo a Colômbia.
Ao ser questionado pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ) sobre a participação de árbitros das confederações e da Fifa (Federação Internacional de Futebol, em português) no esquema de manipulação que liderava, Rogatto respondeu: “Tinha árbitros também, dos 2. Um árbitro hoje oficial ganha em torno de R$ 7.000 por jogo, eu pagava R$ 50.000 para ele, o árbitro ganha pouco, o gatilho do futebol está na máfia, que é a confederação, é a CBF, que tem recursos e não passa.
“É tão simples, é uma matemática tão perfeita, não vê quem não quer. Está tão feio que, como não acontece nada, o sistema não faz nada, você vem e oferece um dinheiro fácil. Isso é um gatilho da corrupção que temos no Brasil. Eu sou uma máquina que estou oferecendo para o atleta dinheiro fácil e dando dignidade para ele oferecer comida ao filho dele”, declarou.
Assista ao depoimento de Rogatto à CPI (2h19min25s):
Na próxima semana, a comissão se deslocará para Portugal, onde o empresário se encontra. Ele se dispôs a compartilhar detalhes do “complexo sistema”, que inclui fotos, vídeos, negociações, gravações e conversas relacionadas à manipulação de jogos.
Investigado na operação Fim de Jogo, do MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios), e na operação Jogada Ensaiada, conduzida pela PF (Polícia Federal), Rogatto afirmou que o esquema de manipulação existe há mais de 40 anos. Ele criticou a “hipocrisia” de clubes de futebol patrocinados por casas de apostas.
“O sistema é muito maior do que isso. Os grandes nunca serão punidos. Estamos falando de dentro da CBF e das federações. Tenho provas e vídeos. Isso não vai resultar em nada, e só fará vítimas do sistema. No final, nada mudará, pois essa prática existe há mais de 40 anos. Fiz parte do sistema. Se eu tiver que pagar, voltarei ao Brasil para isso. Eu sou apenas uma ferramenta; o mundo do futebol é muito mais complexo do que se imagina. No fim, nada mudará; passaremos por isso e nada irá acabar. A maior máfia está dentro das federações”, disse aos senadores.
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Com informações de Agência Senado.