Vice-presidente do partido afirma que a sigla está com problema “grave” de comunicação com setores “que sempre acreditaram no PT”
O senador e vice-presidente nacional do PT, Humberto Costa (PT-PE), disse que a legenda precisa refletir a “atualidade de sua utopia” e a capacidade de se comunicar com setores importantes da sociedade. Segundo ele, o resultado positivo da direita no 1º turno das eleições municipais, realizado em 6 de outubro, deve-se, em parte, às emendas distribuídas por congressistas.
“Um fator importante nessa disputa foi a questão das emendas de bancada, emendas individuais, emendas Pix, que terminou tendo mais influência do que um julgamento positivo ou negativo do governo federal”, afirmou em entrevista ao Valor Econômico publicada nesta 4ª feira (16.out.2024).
O PT elegeu 248 prefeitos nos 5.570 municípios brasileiros no 1º turno das eleições, em 6 de outubro. O resultado foi melhor do que o obtido pela legenda no 1º turno de 2020, quando foram 182, e animou o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pretendia aumentar a representatividade no país durante o governo do petista.
A legenda, porém, não conquistou nenhuma capital e só obteve o comando de duas grandes cidades, aquelas com mais de 200 mil eleitores. Nesse grupo, a sigla ainda concorrerá a 13 prefeituras em 27 de outubro, no 2º turno, sendo 4 capitais. Ou seja, parte considerável dos municípios que ficarão sob o comando do PT a partir de 2025 tem pouca relevância no cenário nacional. Leia mais sobre o resultado dos partidos nas eleições de 6 de outubro nesta reportagem do Poder360.
Costa disse ser “precipitado” afirmar que o governo federal saiu “derrotado” do 1º turno. Ele declarou que o PT teve um crescimento “moderado”, o que representa o “processo de recuperação” do partido depois do “ataque sistemático” à legenda nos últimos 10 anos.
Ainda assim, o senador falou em um “sinal amarelo” para 2026, quando há eleições para presidente, governadores e integrantes do Congresso. “A eleição municipal, dependendo do cenário, termina sendo um indicador importante do que pode ocorrer mais para frente”, disse.
Segundo ele, a legenda tem um problema “grave” no campo da comunicação. “É [problema] de abordagem, de avaliar realmente se estamos tendo a compreensão do que é comunicação nos dias atuais e como a gente se enxerga nisso”, afirmou.
Costa declarou: “O PT precisa realmente discutir a atualidade da sua utopia, das suas ideias, mas, principalmente, a comunicação com setores importantes da sociedade, que sempre acreditaram no PT e têm uma identidade com o partido”.