PF diz que deputado usou verbas parlamentares antes de ser deputado

Gustavo Gayer (PL-GO) é acusado de financiar atos do 8 de Janeiro de 2023 com dinheiro público, mas só tomou posse no mês seguinte, em fevereiro; Alexandre de Moraes autorizou operação de busca e apreensão

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou a operação contra o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) nesta 6ª feira (25.out.2024), afirma que a PF (Polícia Federal) “colheu elementos informativos do desvio de recursos públicos para a prática dos atos antidemocráticos”. O congressista, porém, tomou posse na Câmara em 1º de fevereiro de 2023 –ou seja, antes do 8 de Janeiro. Antes, não tinha ocupado cargos públicos.

Eis o que diz um trecho da decisão (íntegra – 239 kB): “As investigações que resultaram na representação policial ora analisada iniciaram-se no contexto dos atos antidemocráticos ocorridos no dia 8/1/2023, após terem sido deferidas as medidas de busca e apreensão, quebra de sigilo telemático e prisão preventiva em face de João Paulo de Sousa Cavalcante [dono da empresa Goiás Online e que se apresentava nas redes como amigo de Gayer], nos autos da PET n. 11.562/DF, por ter financiado, incitado e participado dos atentados aos edifícios-sedes dos Três Poderes em Brasília/DF”.

Segundo o documento, o deputado é “apontado nas investigações como peça central da associação criminosa investigada e autor intelectual dos possíveis crimes acima descritos, responsável por direcionar as verbas parlamentares para atividades de particulares, as quais tinham o intuito de movimentar atos antidemocráticos. Gayer e outras 17 pessoas são investigadas por desvio de verba pública, peculato, falsificação de documentos e associação criminosa.

Leia abaixo o que diz a decisão de Alexandre de Moraes ao relatar o suposto envolvimento dos investigados nas práticas criminosas citadas na representação policial e manifestação (íntegra – 10 MB) da PGR (Procuradoria Geral da República):

No documento assinado por um delegado da PF, a corporação diz que a análise dos dados do celular de João Paulo “trouxe à baila condutas potencialmente ilícitas” de Gayer envolvendo o “desvio de recursos públicos, que teriam, em tese, contribuído para movimentar e direcionar recursos em favor dos atos antidemocráticos”.

Leia abaixo (eis a íntegra – PDF – 49,1 MB):

Gayer, no entanto, negou as acusações e mencionou o fato de ter tomado posse como deputado depois dos atos extremistas na praça dos Três Poderes. “Eles estão alegando que eu financiei o 8 de Janeiro depois do 8 de Janeiro. Olha que loucura”, afirmou.

“É tipo assim: eu financiei o 8 de Janeiro, depois do 8 de Janeiro. Eu tive acesso a esse inquérito quando o João Paulo foi preso e é uma coisa que eu nem dei atenção porque é uma coisa tão surreal. É um negócio tão alucinado, que eu falei: ‘Não, isso aqui não vai dar em nada’”, disse.

Assista abaixo ao que alega o deputado federal ao se defender (12min6s):


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Fonte: Poder 360

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