As campanhas Kamala Harris e Donald Trump chegam à véspera do dia da eleição presidencial dos Estados Unidos tendo que enfrentar um cenário de indefinição. As principais pesquisas de intenção de voto do país mostram que o empate predomina no voto popular nacional e na votação dos estados-pêndulo. Entre os delegados, foco da disputa entre os candidatos, o cenário também é incerto, mas há leve vantagem para o republicano.
Toda essa incerteza ganha ainda mais importância quando se projeta os possíveis efeitos do resultado eleitoral não apenas nos EUA, mas no mundo.
Para além de questões domésticas de relevo – como o aborto e a segurança pública –, Kamala e Trump têm plataforma distintas no que se refere ao papel dos EUA no mundo. Significa dizer que, a depender de quem vencer, o futuro imediato de questões-chave, como os conflitos entre Rússia e Ucrânia e no Oriente Médio, a crise climática e o avanço ou não da extrema-direita global, poderá seguir caminhos praticamente opostos.
Com exceção de estados em que as preferências democratas ou republicanas são historicamente consolidadas, o empate técnico prevalece em todo o restante do território norte-americano.
Cenário nacional
O agregador geral de pesquisas do jornal The New York Times mostra que Kamala tem 49% das intenções de voto, contra 48% de Trump. Segundo a pesquisa, os votos na democrata estão cristalizados, mas o republicano avançou nas últimas semanas. No início de outubro, por exemplo, Trump tinha 46%.
Já a rede ABC News mostrou, no último domingo 3, um cenário mais folgado para Kamala: a democrata tem 49% das intenções de voto, segundo a mais recente pesquisa, contra 46% de Trump. Esse levantamento, que foi elaborado pela consultoria Ipsos, tem margem de erro de dois pontos percentuais.
Folga é o que não há, porém, na pesquisa da NBC News, também divulgada no domingo. Segundo o levantamento, os dois candidatos estão empatados com 49%. Apenas 2% do eleitorado se diz indeciso.
O empate também dá o tom na pesquisa nacional CNN/SSRS, divulgada no final de outubro. Ambos estão com 47%, segundo o levantamento.
Com todas as pesquisas divulgadas, o projeto FiveThirtyEight, que agrega levantamentos eleitorais nos Estados Unidos, aponta para um cenário em que Kamala tem 48% dos votos, enquanto Trump aparece com 46,9%.
Estados-pêndulo
Os norte-americanos costumam usar a expressão ‘swing states‘ para aqueles estados que costumam ser decisivos na votação. São regiões que não têm preferência explícita pelo partido democrata ou republicano.
Para a eleição 2024, os seguintes estados estão nessa condição: Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin.
No Arizona, a média das pesquisas CNN divulgadas até agora mostram que Trump tem 49%, contra 47% de Kamala. Já o The New York Times vem mostrando uma diferença ainda maior, com Trump aparecendo com 50%, enquanto Kamala tem 46%.
Na Carolina do Norte, o cenário é indefinido. A CNN mostrou que o republicano tem 48%, enquanto a democrata aparece com 47%. Os números são semelhantes aos da pesquisa do The New York Times divulgada ontem, em que os dois candidatos aparecem empatados com 48%.
Já na Geórgia, Trump tem vantagem, apesar da margem estreita. Segundo a CNN, o ex-presidente tem 49%, enquanto a atual vice-presidente dos EUA surge com 47%. O NYT, por sua vez, mostrou Trump com os mesmos 49%, mas Kamala com 48%.
Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin seguem rumos parecidos, com variações mínimas entre os candidatos. Confira:
Michigan
- CNN: 48% para Kamala e 46% para Trump;
- NYT: Kamala e Trump empatados com 48%;
- FiveThirtyEigh: 47,9% para Kamala e 47,1% para Trump.
Nevada
- NYT: 49% para Trump e 48% para Kamala;
- FiveThirtyEigh: 47,8% para Trump e 47,4% para Kamala.
Pensilvânia
- CNN: Kamala e Trump empatados com 48%;
- NYT: 49% para Trump e 48% para Kamala;
- FiveThirtyEigh: 47,9% para Trump e 47,8% para Kamala.
Wisconsin
- CNN: 49% para Kamala e 46% para Trump;
- NYT: 49% para Kamala e 48% para Trump;
- FiveThirtyEigh: 48,2% para Kamala e 47,3% para Trump.
Delegados
Não é impensável, nos Estados Unidos, que um candidato seja eleito presidente sem que tenha a maioria do voto popular. O próprio Trump foi eleito dessa maneira, ao vencer a democrata Hillary Clinton em 2016. Antes, na eleição de 2000, George W. Bush foi eleito presidente sobre Al Gore sem ter a maioria dos votos da população.
Isso se deve aos delegados do Colégio Eleitoral norte-americano. Cada um dos cinquenta estados do país possui um número próprio de delegados, a depender do tamanho da sua população e de quantos representantes tem no Congresso.
Para os candidatos, vencer em um estado significa ganhar todos os delegados daquele local. Para ser eleito, é preciso conquistar ao menos 270 dos 538 delegados do Colégio Eleitoral. Em outros termos, o que importa mesmo para as campanhas é conquistar os delegados.
Não há pesquisas de intenção de votos nesse campo, uma vez que a metodologia é diferente. No caso dos delegados, o que os institutos do país fazem é projetar cenários para os candidatos.
O NYT, por exemplo, projeta que Trump possa ter 268 delegados, enquanto Kamala teria 251. Haveria, ainda, 19 delegados em disputa. Esse cenário se baseia nas pesquisas feitas pelo jornal nos estados do país.
Já o FiveThirtyEight, tomando por base as projeções de voto popular nos estados do país, aponta que Trump teria 275 delegados, enquanto Kamala obteria 263.
O RealClearPolitics (RCP), plataforma que funciona como agregador de pesquisas eleitorais, também mostrou um cenário de vantagem republicana sobre os delegados. Segundo a plataforma, Trump teria 219 delegados, contra 211 de Kamala.
Considerando as vantagens do republicanos nos estados em disputa – e projetando que ele vença onde é favorito –, isso faria Trump chegar a 287 delegados, contra 236 de Kamala.