Ministro destoa de outros que ameaçaram deixar o governo caso o presidente tire benefícios de suas áreas
O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), disse que não veria problema algum caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cortasse seu orçamento como parte do ajuste fiscal. Segundo ele, seria um motivo para ser mais “eficiente”.
“Se houver cortes no Turismo, vou trabalhar o triplo e chamar toda a minha equipe para trabalhar mais ainda“, disse Sabino em entrevista ao Poder360 na 2ª feira (11.nov.2024).
A declaração destoa do que outros ministros afirmaram na semana passada. Carlos Lupi (PDT), ministro da Previdência, disse na última 5ª feira (7.nov) que se Lula “cortasse direitos” como parte da readequação orçamentária, ele “deixaria o governo”.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), disse em 30 de outubro que vai pedir demissão se Lula cortar gastos trabalhistas. Já o ministro Wellington Dias (PT), ministro da Assistência Social, disse na 5ª passada que “jamais cortaria benefícios” por um impeditivo do próprio presidente.
Segundo Sabino, readequação orçamentária é parte normal da gestão pública. “É natural ter cortes no orçamento no início do 2º semestre. Mas também é natural haver crescimento da arrecadação. É tradição. Os bloqueios vão sendo recompostos. Vejo como preocupação natural do ministro Haddad. Todos os governos são preocupados com austeridade fiscal, controle dos gastos. Na outra ponta, há ministérios que querem ampliar serviços, mais investimentos, expansão e consequentemente mais gasto. A vida toda é assim“, disse.
Sabino tem 46 anos, é filiado ao União Brasil e deputado federal eleito pelo Pará. É ministro do Turismo desde agosto de 2023. Foi filiado ao PSDB antes de entrar no seu partido atual.
Economia
Sabino disse que o país deve bater recorde de entrada de turistas em 2024. Até junho, disse, foram 6 milhões. O recorde histórico foi em 2018, quando 6,8 milhões de turistas vieram ao país. “Nossa meta é terminar o ano em 7 milhões”, disse.
Leia trechos da entrevista concedida na 2ª feira (11.nov) ao Poder360:
Poder360: Havia preocupação no governo sobre o setor aéreo. Como está agora?
Celso Sabino: Melhor. Anunciamos mais voos para a temporada. São 12% de assentos disponíveis a mais neste ano. É um avanço relevante para um setor que vem crescendo nos últimos meses. Chegou agora à 4ª posição mundial como maior hub de aviação civil, atrás de Estados Unidos, China e Japão.
Há uma retomada no setor?
Os aeroportos estão próximo da capacidade plena. O brasileiro está viajado mais pelo Brasil. De carro, barco, trem, avião. Isso é resultado da política econômica, das políticas de distribuição de renda, desemprego está na baixa histórica. Isso tem reflexo direto no turismo.
E isso explica a melhora?
Também. Mas Lula entrou na pauta. Está falando do Brasil onde vai. Fala de Alter do Chão (PA), Salvador (BA, ele entrou de cabeça. Tivemos conversas com ele e ele percebeu que é melhor garoto propaganda que o melhor influenciador do país. Faz isso dentro e fora do Brasil.
O senhor disse que pretende fazer o Turismo representar “2 dígitos” do PIB brasileiro. Em 2023, foi 7,8%.
Estamos em 8%. O setor tem crescido exponencialmente. Os brasileiros estão viajando e o número de estrangeiros vai passar o patamar pré-pandemia já em 2024.
Havia uma média de 6 milhões de turistas anuais.
Já batemos isso em setembro. Queremos fechar acima do número recorde de 2018, que foram 6,8 milhões. Queremos chegar em 7 milhões. O gasto dos estrangeiros também cresceu. No ano passado, foi de mais de R$ 34 bilhões. Neste ano até setembro, eram mais de R$ 30 bilhões. Tudo leva a crer que vamos superar o recorde do ano passado.
Continua com a meta de dobrar o número de turistas?
Sim. Queremos chegar em 2027 com 10 milhões de turistas estrangeiros. No ano passado, fechamos com 5,9 milhões de turistas.
Como será a sua participação na COP29, em Baku (Azerbaijão)?
Montamos uma estratégia de divulgação dos atrativos brasileiros na área do ecoturismo e de ecoturismo sustentável e aventura, sempre voltado à preservação do meio ambiente. Teremos experiências positivas do Brasil e palestras com especialistas. Montamos a “Casa Brasil” na entrada da COP. Vamos fazer com que quem discute essa pauta entenda que o Turismo é parte da solução para o meio ambiente.
E a próxima COP será em Belém, sua cidade…
Estamos com uma apresentação forte da cidade de Belém (PA). O público que vai para lá é boa parte quem está em Baku. Eles virão, queremos que fiquem mais tempo.
E como está a disponibilidade de quartos em Belém, que era uma das preocupações?
Está superada. Há uma série de construções de hotéis, ampliação de outros, pousadas, o número de leitos cresceu. E trabalhamos com a possibilidade de ter 2 cruzeiros aportados na cidade.
Lula está para anunciar cortes no orçamento. Como fica o Turismo?
Desde jovem aprendi que trabalhar com eficácia é ter cada vez menos e produzir mais. Então é natural no Brasil ter cortes no orçamento no início do 2º semestre. Mas também é natural mais perto do fim do ano haver um crescimento da arrecadação. Os bloqueios vão sendo recompostos. Vejo como preocupação natural do ministro Haddad. Todos os governso são preocupados com austeridade fiscal, controle dos gastos. Na outra ponto, há ministérios que querem ampliar serviços, mais investiementos, ter mais expansão e consequentemente mais gasto. A vida toda é assim.
Mas pode ter cortes no Turismo…
E eu vou trabalhar com mais eficácia. Com o que tiver, teremos o máximo de resultado possível.
O senhor não se soma aos ministros que disseram que se tiver corte, podem sair do governo…
Não. Se houver corte na minha área, vou trabalhar o triplo e chamar toda a minha equipe para trabalhar mais ainda.
