Novo pacote do governo do Japão determina a distribuição de dinheiro para famílias de baixa renda e subsídios energéticos
O novo governo do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, aprovou um pacote econômico de US$ 250 bilhões para promover um “sentimento de bem-estar” no país, a partir de subsídios energéticos e distribuição de dinheiro para famílias de baixa renda e apoio às indústrias de IA e semicondutores.
A aprovação se dá diante das expectativas de que o Banco do Japão aumente as taxas de juros no próximo mês. O plano inclui um aumento significativo no valor mínimo para tributação, que não é ajustado há 29 anos e que atualmente é de US$ 6.640. A falta de atualização nesse valor influenciava parte da população japonesa a não participar plenamente do mercado de trabalho.
Com o pacote proposto pelo governo do Japão, a receita tributária deve cair cerca de US$ 45 bilhões, o que criou um desconforto na coalizão que governa o país e vê a possibilidade de aumento da inflação. Apesar disso, Shigeru Ishiba defende que “o mais importante é aumentar os salários para todas as gerações”.
Críticos da medida argumentam que, ao aumentar o limite mínimo de isenção do imposto de renda para US$ 11.500, uma grande parte da população japonesa, especialmente mulheres, que ajustam a quantidade de horas trabalhadas para ficaram abaixo do limite tributável, passarão a trabalhar mais, consequentemente gastando mais e injetando mais renda na economia do país.
O pacote é a 1ª grande iniciativa do primeiro-ministro desde que venceu as eleições deste ano, com os piores resultados do partido desde 2009. A resposta eleitoral negativa veio depois de uma insatisfação geral com aumento da inflação no país e um escândalo de financiamento político envolvendo parlamentares do PLD terem vindo à tona no Japão.
Segundo o jornal britânico Financial Times, especialistas afirmam que a aprovação da medida expõe a fragilidade do governo, que precisa de iniciativas populistas para se manter.
Uma pesquisa publicada recentemente, feita pela agência de notícias Reuters, apresentou uma reação positiva do mercado japonês diante do novo pacote de estímulos fiscais: 51% das empresas entrevistadas disseram que planejam aumentar os salários em pelo menos 3% no ano fiscal iniciado em março, comparado a 37% no levantamento do ano anterior. Em 2024, as empresas japonesas aumentaram em uma média de 5,1% os salários de seus trabalhadores, maior alta em 3 décadas.
ECONOMIA DO JAPÃO
O Japão tem se afastado de um período de décadas de deflação. Em fevereiro deste ano, o país entrou em recessão e perdeu posto de 3ª maior economia. Só se recuperou recentemente, com os resultados do PIB no 3º trimestre.
Em 14 de novembro, o gabinete oficial do governo divulgou que o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu 0,3% no 3º trimestre. O aumento foi maior que as expectativas do mercado, que esperava um crescimento de 0,2%. Eis a íntegra do PIB do Japão (PDF – 454 kB).
Com o resultado, o país se afastou tecnicamente da recessão econômica ao quebrar uma sequência de dados negativos. O PIB japonês dos 2 primeiros trimestres foram negativos, o que colocava o país na situação de recessão.
CORREÇÃO
24.nov.2024 (20h40) – diferentemente do que o post acima informava, o jornal Financial Times é britânico, e não norte-americano. O texto foi corrigido e atualizado.