Bombardeios israelenses mataram, neste sábado 23, 15 pessoas no centro de Beirute e 30 em redutos do Hezbollah no leste e no sul do Líbano, no inicio do terceiro mês da guerra aberta entre Israel e o movimento islamista libanês.
Uma fonte de segurança libanesa informou que “o alvo” dos bombardeios no bairro de Basta, no centro da capital, foi um alto comando do movimento xiita pró-iraniano.
No entanto, o deputado do Hezbollah, Amin Sherri, negou que um dirigente do movimento estivesse no local.
Israel, que também está em guerra contra o movimento islamista palestino Hamas em Gaza há mais de um ano, busca neutralizar o Hamas e o Hezbollah, aliados do Irã, seu principal inimigo na região.
Na Faixa de Gaza, Israel prometeu aniquilar o Hamas após o ataque mortal de milicianos islamistas no sul do país, em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra. No Líbano, busca pôr fim ao disparo de foguetes que o Hezbollah lança há mais de um ano.
“Gritando de terror”
Os moradores da capital libanesa acordaram no sábado ao som de três fortes explosões.
Estes bombardeios, que deixaram pelo menos 15 mortos e 63 feridos, segundo o Ministério da Saúde libanês, destruíram um prédio residencial no bairro densamente povoado de Basta.
Socorristas continuavam procurando vítimas sob os escombros.
“É a primeira vez que acordo gritando de terror”, disse à AFP Salah, morador de Basta e pai de dois filhos, acrescentando que saiu correndo de casa com a família.
“O bombardeio foi tão forte que pensei que o edifício fosse desabar sobre nós”, contou Samir, de 60 anos.
Bombas também caíram nos subúrbios ao sul de Beirute, reduto do Hezbollah. O Exército israelense afirmou que seus alvos nesta região foram “centros de comando do Hezbollah e outras infraestruturas terroristas”.
Combates em cidade fronteiriça
No leste e no sul do Líbano, pelo menos 30 pessoas morreram em bombardeios israelenses, segundo o Ministério da Saúde.
A Agência Nacional de Notícias libanesa (NNA, na sigla em inglês) reportou que o exército israelense tenta “tomar o controle” de Al-Jiam, cidade do sul próxima à fronteira, onde trava intensos confrontos com o Hezbollah.
O movimento islamista libanês abriu, em 8 de outubro de 2023, no dia seguinte ao início da guerra em Gaza, uma frente contra Israel em apoio ao Hamas.
Depois de quase um ano de hostilidades transfronteiriças, Israel lançou em 23 de setembro uma campanha de bombardeios contra redutos do Hezbollah e uma semana depois iniciou operações terrestres no sul do Líbano.
O objetivo da campanha israelense é afastar o Hezbollah das áreas fronteiriças e permitir o retorno dos 60.000 deslocados do norte de Israel devido às trocas de tiros com o Hezbollah, que também provocaram a fuga de dezenas de milhares de habitantes do sul do Líbano.
Mais de 3.650 pessoas morreram no Líbano em mais de um ano, a maioria desde setembro, segundo o Ministério da Saúde.
O chefe do Pentágono, Lloyd Austin, declarou neste sábado, em um telefonema com seu colega israelense, Israel Katz, que os Estados Unidos estão comprometidos com uma solução diplomática no Líbano.
O ministro israelense assegurou que seu país “continuará atuando com determinação” contra o Hezbollah.
“Que matem todos nós”
Austin também instou Israel a melhorar as “terríveis” condições na Faixa de Gaza, onde a Defesa Civil reportou que os bombardeios israelenses deixaram 19 mortos.
“A nossa vida não passa de miséria. Deixem que matem todos nós para acabar com este sofrimento”, exclamou Umm Mohamad Abu Sabla, irmã de uma das vítimas em Khan Yunis.
O território palestino, governado pelo Hamas desde 2007, mergulhou em uma grave crise humanitária desde o início da guerra.
Na incursão de 7 de outubro de 2023, milicianos islamistas mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses, que incluem os óbitos de alguns reféns levados pelo Hamas.
Dos 251 sequestrados, 97 permanecem cativos em Gaza, mas o Exército israelense estima que 34 tenham morrido.
A ofensiva de retaliação de Israel custou a vida a pelo menos 44.176 pessoas em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde, considerados confiáveis pela ONU.
O braço armado do Hamas anunciou, neste sábado, que uma refém morreu em uma zona de combates no norte do território palestino. O exército israelense informou que está verificando a informação.
Os ministros das Relações Exteriores do G7 discutirão na segunda e na terça-feira as ordens de prisão emitidas na quinta-feira pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, e o chefe do braço armado do Hamas, Mohammed Deif.
Os três são acusados de crimes de guerra e crimes contra a humanidade no conflito.