A apenas 2 meses do final do ano, frigoríficos e pecuaristas comemoram os bons resultados da cadeia produtiva
Enquanto Alexandre Bompard, executivo do Carrefour, anunciava, na semana passada, que a rede na França não iria mais comprar carne bovina oriunda do Mercosul (para depois se retratar em carta ao ministro da Agricultura brasileiro), a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) comemorava números recordes de negócios do Brasil neste ano:
- a carne bovina brasileira conquistou em outubro seu 131° cliente, recorde histórico, 20 nações a mais que há 20 anos;
- o Brasil deve manter a liderança global das exportações de carne bovina neste ano, com embarque de 2,85 milhões de toneladas, 100 mil toneladas a mais que o exportado no ano passado;
- em outubro, os frigoríficos exportaram 42% a mais que no mesmo mês do ano passado e 5% a mais que em setembro –carne in natura e processada;
- pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq-USP, informam que foi o maior volume mensal já registrado, acima dos recordes registrados neste ano;
- o volume nos 10 primeiros meses de 2024 é 29% maior, totalizando 2,397 milhões de toneladas;
- a 2 meses do final do ano, exportadores já receberam US$ 10,5 bilhões, aumento de 22,6% sobre o do mesmo período de 2023;
- em outubro, a receita total, em dólar, superou em quase 45% a de 1 ano atrás e em 8,5% a de setembro, segundo o Cepea. Em real, os aumentos chegam às marcas de 47% e de 20% respectivamente;
- de janeiro a outubro, o Brasil exportou 1,086 milhão de toneladas de carne bovina para a China, com receita de US$ 4,8 bilhões. O volume embarcado é 12% superior ao do mesmo período de 2023;
- os embarques para os Estados Unidos cresceram mais do que o dobro do ano passado. Os Estados Unidos elevaram de 4%, em 2023, para 7,2% neste ano a participação no valor das exportações brasileiras de carne bovina;
- os países árabes, com destaque para os Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, também aumentaram suas compras do Brasil, assim como Turquia e Filipinas;
- já a participação em faturamento da União Europeia e do Reino Unido, da carne in natura e industrializada do Brasil, caiu de 11,7%, em 2014, para 6,9% em 2024 (parcial até agosto), uma redução de quase 5 pontos percentuais, segundo a Secex.
A excelente performance da cadeia da carne bovina brasileira vai do campo à mesa. A pecuária, superaquecida, vê os preços do boi, das fêmeas e dos animais de reposição subindo há cerca de 3 meses.
No mercado interno, o consumo também se mantém firme, apesar dos preços em alta. Varejistas começam a formar estoques para atender o consumo em dezembro.
Os preços das carnes no Brasil alcançaram, em outubro, a maior alta mensal em 4 anos, com um aumento de 5,81%, segundo a inflação oficial medida pelo IPCA.
Menor oferta por conta dos pastos secos e da redução nos abates, além de maior volume de exportações, explicam a elevação.