Ações de empresas negociadas no Ibovespa registram queda de quase 80% no acumulado do ano
O Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), fechou a 125.945 pontos, com queda de 1,50% nesta 6ª feira (6.dez.2024). O ano de 2024 tem sido o pior desde 2015 ao considerar a variação da Bolsa em dólares. Corrigida pela moeda norte-americana, teve queda de 24,6% de janeiro a 6 de dezembro, segundo levantamento de Einar Rivero, da Elos Ayta, encaminhado com exclusividade ao Poder360.
O desempenho tem sido pior, inclusive, que em 2020, o 1º ano da pandemia de covid-19. Naquele ano, a queda da Bolsa em dólar foi de 20,2%.
Em 2015, o Ibovespa despencou 41,03% na moeda dos EUA. O Brasil estava em recessão econômica. Neste ano, o dólar mais alto potencializa as exportações do Brasil, mas as incertezas fiscais e a trajetória ascendente da taxa básica, a Selic, criam barreiras para a economia brasileira.
Os investidores estrangeiros retiraram R$ 7,3 bilhões nos últimos 3 meses da Bolsa. O saldo está negativo em R$ 32,9 bilhões até 4ª feira (4.dez.2024), último dado disponível.
A queda em dólares do Ibovespa tem relação com a valorização do dólar ptax –cotação oficial do Banco Central– em 2024, utilizada por Einar Rivero para fazer o levantamento. A moeda norte-americana teve alta de 24,54% em relação ao real. Passou de R$ 4,84 em dezembro de 2023 para R$ 6,03 em 6 de dezembro.
Em 2024, o real foi uma das moedas que mais se desvalorizou no mundo. O dólar comercial fechou a R$ 6,07 nesta 6ª feira (6.dez.2024), que é o recorde nominal histórico desde o Plano Real, em 1994.
O Copom (Comitê de Política Monetária) deve subir a taxa básica, a Selic, em 0,75 ponto percentual na 4ª feira (11.dez.2024). O juro base atingirá 12% ao ano. Está acima de 2 dígitos desde fevereiro de 2022. Os agentes financeiros estimam que ficará até, pelo menos, a 6ª reunião do colegiado de 2026, ainda sem data marcada.
As estimativas indicam que a Selic subirá para 13,25% ao ano em maio de 2025.
Em reais, o Ibovespa caiu 6,14%. É o pior desempenho desde 2021, quando a queda foi de 11,93%.
JUROS FUTUROS
A cotação dos juros futuros estava a 14,7% ao ano nos contratos DI (Depósito Interfinanceiro) com vencimento em 2027. Atingiu 14,93% na máxima de 6ª feira (6.dez.2024). As taxas superavam 14% nos contratos de 2026 a 2030.
AÇÕES CAEM QUASE 80%
A empresa que mais se desvalorizou no Ibovespa em dólares foi a Azul, do setor aéreo. Teve queda de 76,2% de 1º de janeiro a 6 de dezembro. A 2º e a 3ª maiores quedas foram de serviços educacionais: Cogna (-70,3%) e Yduqs (-67,3%). Leia abaixo o infográfico com as 20 maiores quedas do Ibovespa em 2024.
Segundo Einar Rivero, enquanto o real continuar perdendo valor, o investidor estrangeiro continuará cauteloso. “O humor desse investidor tem um peso enorme na nossa bolsa. O Brasil ainda oferece oportunidades, mas também muitos riscos. E, neste ano, esses riscos pesaram mais na balança. O mercado está mandando um recado: é preciso mais do que promessas para reconquistar a confiança dos investidores”, disse.
Rafael Furlanetti, sócio-diretor institucional da XP, disse, em publicação no X, que “qualquer empresa boa no Brasil está caindo 20%, 25% e algumas até 50% no ano”. Afirmou que quem apostou a favor e manteve posições de investimentos está perdendo muito dinheiro. E completou: “Tem casos em que as quedas acumuladas chegam a 80%!”.
Fulanetti disse que o empresário brasileiro está “vendo o patrimônio derreter, e ainda enfrenta juros nas alturas”. Segundo ele, investidor estrangeiro cita o Brasil com um “call óbvio” de perda de dinheiro.