Segundo analistas do banco, a queda recente de 6% no preço do barril se deve ao aumento da probabilidade de recessão nos EUA
Analistas do banco de investimentos Goldman Sachs atribuíram a recente queda de 6% nos preços do barril de petróleo Brent a temores recessivos macroeconômicos. As informações foram divulgadas em nota ao mercado.
Apesar dessas preocupações, o banco sustenta que os preços do petróleo se manterão acima do patamar de US$ 75, apoiados por uma série de fatores, como a demanda contínua por petróleo, o risco limitado de recessão e a possível recuperação do posicionamento especulativo.
Os estrategistas da instituição financeira de Wall Street observam que a recente queda significativa nos preços do petróleo, paralelamente às quedas nos preços das ações e nos rendimentos dos títulos, indica que os temores macroeconômicos, e não fatores intrínsecos ao mercado de petróleo, estão por trás da venda.
A análise mostra que a demanda por petróleo continua forte nas economias ocidentais e na Índia. Nos EUA, a demanda por gasolina e o consumo de derivados de petróleo na Europa, bem como o uso de combustível de aviação nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), estão crescendo acima da média.
Em maio, a demanda de petróleo dos EUA atingiu um recorde, e a demanda da Índia em julho também mostrou um forte aumento, segundo dados das refinarias estatais.
Embora o Goldman Sachs tenha aumentado a probabilidade de recessão nos EUA para 25%, os analistas ainda veem o risco de recessão como limitado, dada a solidez dos dados econômicos, a ausência de grandes desequilíbrios financeiros e a margem de 525 pontos-base para cortes pelo Fed.
Os analistas acreditam que o recente aumento na taxa de desemprego é menos alarmante do que em ciclos anteriores, por causa da baixa taxa de demissões permanentes e atritos temporários no mercado de trabalho.
O Goldman também vê um potencial de recuperação do posicionamento especulativo nos mercados de petróleo. O posicionamento especulativo atual está em níveis baixos, oferecendo uma oportunidade para recuperação à medida que o sentimento de crescimento melhora.
Os analistas esperam que dados econômicos resilientes, como pedidos iniciais de auxílio-desemprego mais baixos nos EUA e crescimentos sequenciais no emprego e no PIB (Produto Interno Bruto) do 3º trimestre na China, sustentem essa recuperação.
Apesar da confiança em um piso de US$ 75, o Goldman Sachs identifica vários riscos de queda na faixa de US$ 75 a 90 para os preços do Brent, especialmente para 2025. Estes riscos incluem:
- risco de recessão: em um cenário de recessão moderada, os preços do petróleo poderiam cair US$ 30, potencialmente alcançando US$ 51 por barril.
- possíveis tarifas comerciais: novas tarifas comerciais, especialmente num possível segundo mandato de Trump, poderiam enfraquecer o PIB e a demanda por petróleo.
- elevada capacidade ociosa: a alta capacidade ociosa na Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e estoques comerciais confortáveis na OCDE diminuem a sensibilidade do petróleo a eventos geopolíticos e choques de oferta.
- riscos de demanda da China: Previsões fracas de demanda da China podem pressionar ainda mais os preços para baixo.
Mudança estratégica para o ouro
Por causa dos crescentes riscos de queda nos preços do petróleo, o Goldman Sachs recomenda que as posições compradas em ouro agora oferecem o melhor valor de hedge entre as commodities para os portfólios.
Eles mantêm uma previsão de alta no preço do ouro de US$ 2.700 para 2025, destacando os benefícios do ouro como proteção contra choques geopolíticos, tarifas comerciais e sanções financeiras.
Além disso, o ouro é considerado um ativo seguro contra choques negativos na demanda agregada e deve se beneficiar dos prováveis cortes nas taxas do Fed (Banco Central dos EUA) e do aumento das compras pelos bancos centrais.
Às 12h de Brasília, o preço do barril de petróleo Brent, referência mundial e para a Petrobras, avançava 1,02%, a R$ 77,00, enquanto o ouro era negociado a US$ 2428,00, uma queda de 0,67%.
Com informações da Investing Brasil.