Investigação
Ebrahim Raisi, morto em maio, era linha-dura e cotado para suceder o aiatolá Ali Khamenei
Ebrahim Raisi, que morreu em acidente de helicóptero no Irã (Foto: Reprodução)
(Folhapress) A queda de helicóptero que matou o presidente do Irã Ebrahim Raisi há três meses foi causada por condições climáticas adversas e pelo excesso de peso na aeronave, relatou a agência de notícias Fars, nesta quarta-feira (21).
Um relatório preliminar do Exército do Irã afirmava, em maio, que durante as investigações não haviam sido encontradas até aquele momento evidências de sabotagem ou ataque.
Agora, um funcionário de segurança, em anonimato, afirmou que a apuração foi finalizada e que a conclusão é que não houve sabotagem.
Duas razões para a queda da aeronave foram identificadas: as condições climáticas não eram adequadas, e o helicóptero não conseguiu lidar com o peso que carregava, levando-o a colidir com uma montanha, de acordo com a Fars.
As investigações indicam que o helicóptero transportava duas pessoas a mais do que a capacidade estabelecida pelos protocolos de segurança.
Linha-dura e cotado como sucessor do aiatolá Ali Khamenei, Raisi foi foi uma das vítimas da queda ocorrida em uma região montanhosa perto da fronteira com o Azerbaijão, em 19 de maio. O chanceler Hossein Amirabdollahian também morreu.
Raisi nasceu em Mashhad, uma cidade próxima ao Afeganistão e considerada uma das capitais espirituais do país. Estudou em Qom, um dos centros de ensino teológico. Fez carreira como jurista e, aliado de Khamenei, entrou na vida política.
Seu nome ganhou alguma projeção —e infâmia— quando participou do planejamento da execução de milhares de prisioneiros políticos em 1988. Acredita-se que Raisi fosse um dos quatro responsáveis pelo apelidado “comitê da morte”, que dava as sentenças de tortura e execução extrajudicial a dissidentes. A estimativa de mortes oscila de 2.800 a 3.800, mas o número exato é desconhecido.
Sua participação no comitê foi premiada, não punida. Na sequência, ocupou diversos postos de influência no Judiciário, incluindo o de procurador-geral de 2014 a 2016 e depois de chefe da Justiça de 2019 a 2021.
Em 2021, na sua segunda tentativa nas urnas, foi eleito presidente do Irã. Assumiu o país em uma situação precária. O reformista Masud Pezeshkian foi eleito em julho para substituí-lo. Logo após sua cerimônia de posse, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, foi morto em um ataque aéreo em Teerã. O episódio elevou o risco de uma guerra ampliada no Oriente Médio em meio à crise iniciada com os atentados do Hamas de 7 de outubro de 2023.