Oriente médio
Milícia apoiada pelo Irã afirma ter lançado 320 mísseis em ‘primeira fase de retaliação’ por morte de comandante
Artilharia de Israel contra o Hezbollah (Foto: Reprodução)
(Folhapress) As Forças Armadas de Israel interceptaram centenas de foguetes lançados pelo Hezbollah e bombardearam o sul do Líbano com mais de cem aviões de guerra neste domingo (25) em uma ação que chamaram de preventiva a fim de evitar um ataque maior do grupo armado libanês.
Pelo menos três pessoas morreram no Líbano, e não há relatos de mortes em Israel. O Hezbollah disse que não vai realizar mais ataques por ora, e o Ministério da Defesa israelense reiterou que não busca uma guerra total contra a milícia apoiada pelo Irã.
O Exército israelense emitiu um alerta para que os moradores da região sul do Líbano se retirassem imediatamente de suas casas. No comunicado, a força armada disse que estava “monitorando os preparativos do Hezbollah para realizar grandes ataques em território israelense”.
O ministro da Defesa, Yoav Gallant, declarou um estado de emergência em todo o país que deve durar 48 horas. De acordo com as Forças Armadas, cerca de 210 foguetes e 20 drones foram lançados do Líbano em direção ao norte de Israel —o Hezbollah fala em 320 foguetes lançados contra 11 alvos militares em retaliação pela morte do comandante Fuad Shukr no mês passado.
Em resposta, Israel bombardeou 40 alvos no Líbano e diz ter destruído milhares de lançadores de foguetes —centenas destes, segundo Tel Aviv, estavam prontos para disparar contra bases das Forças Armadas israelenses no norte e no centro do país.
O Hezbollah negou que seu ataque tivesse sido comprometido por bombardeios preventivos israelenses, afirmando que conseguiu lançar foguetes e drones como panejado e que o resto da resposta à morte de Shukr ainda “levaria tempo”.
Fuad Shukr, também conhecido como Mushin Shukr, foi morto em um bombardeio israelense contra Beirute no último dia 30. O ataque de Israel também matou duas crianças e feriu 72 pessoas, de acordo com o governo libanês. Shukr era considerado o braço direito do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
O assassinato, e a troca de fogo deste domingo, aumentam as chances de que a escalada saia do controle, ainda que todas as partes tentem evitar uma guerra generalizada entre Israel e o Irã que envolva o principal aliado de Tel Aviv, os Estados Unidos.
Este mês, Washington anunciou o posicionamento de um submarino nuclear na região para apoiar Israel e ameaçar Teerã e seus aliados. A Casa Branca disse no domingo que o presidente Joe Biden estava acompanhando os desdobramentos na região.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que fará “tudo o que for necessário” para garantir a segurança dos israelenses. “Estamos determinados a fazer tudo o que é possível para defender nosso país e continuar a obedecer uma regra simples: quem nos atacar, será atacado”, afirmou o premiê.
No norte de Israel, sirenes e uma série de explosões foram ouvidas por civis a medida que o sistema de defesa Domo de Ferro derrubava foguetes vindos do sul do Líbano. Os serviços médicos do país estavam em estado de alerta.
O Exército israelense pediu que seus cidadãos evitem reuniões ao longo do dia, mas depois permitiu deslocamentos ao trabalho desde que haja um abrigo antiaéreo por perto. A imprensa israelense disse que algumas casas foram danificadas no norte do país.
Um morador do vilarejo libanês de Zibqeen disse à agência de notícias Reuters ter acordado “ao som de aviões, explosões e mísseis, antes mesmo da oração matinal. Parecia o apocalipse”.
A maioria dos ataques israelenses atingiu alvos no sul do Líbano, mas o Exército estava pronto para atacar em qualquer lugar onde houvesse uma ameaça, disse um porta-voz militar israelense. Voos no aeroporto Ben Gurion em Tel Aviv foram suspensos por cerca de 90 minutos.
Os ataques ocorreram enquanto negociadores se reuniam no Cairo em nova tentativa de concluir um acordo de cessar-fogo para a guerra entre Israel e o Hamas em Gaza e o retorno de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos.