Kamala Harris e Donald Trump estão empatados na corrida pela Casa Branca, naquela que vem sendo considerada uma das disputas mais acirradas da história recente dos Estados Unidos.
Faltando menos de duas semanas para a eleição presidencial norte-americana – o pleito está marcado para o dia 5 de novembro –, o jornal The New York Times divulgou, nesta sexta-feira 25, uma pesquisa que mostrou uma “rara situação de empate” entre o republicano e a democrata.
O levantamento, feito em parceria com o Siena College, mostrou que Kamala e Trump estão empatados com 48% de intenção de voto.
A publicação chamou a atenção para o fato de que o eleitorado norte-americano “raramente pareceu tão igualmente dividido”. Segundo o NYT, o resultado da pesquisa “é uma evidência de um eleitoral que está tanto polarizado quanto paralisado”.
No momento atual da disputa, a pesquisa mostrou um avanço de Trump sobre Kamala. No início de outubro, uma pesquisa NYT/Siena College mostrava que a democrata tinha 49% das intenções de voto, contra 46% de Trump.
O jornal destaca que, apesar da mudança estar dentro da margem de erro – cerca de 2,2 pontos percentuais –, a média nacional das sondagens nos EUA vem mostrando que a disputa está mais próxima, com Trump se aproximando da leve vantagem que Kamala tinha, até semanas atrás.
Com um embate tão apertado, os votos daqueles que não decidiram a quem apoiar tendem a ser determinantes. Nesse quadro, a pesquisa mostrou que 15% ainda não tomaram a decisão sobre quem votar. Entre os indecisos, 42% citaram que tendem a apoiar Kamala, enquanto 32% se inclinam a votar em Trump.
Apesar disso, o eleitorado norte-americano é tomado por uma percepção geral de que o caminho que o país está tomando não é positivo. Segundo a pesquisa, 72% dos entrevistados se disseram pessimistas sobre o caminho que vem sendo feito pelo país.
Essa percepção cai na conta democrata, já que Kamala é a atual vice-presidente do país, fazendo parte do governo Joe Biden.
O levantamento do NYT e do Siena College foi feito entre os dias 20 e 23 de outubro, ouvindo 2.516 eleitores dos EUA.
Condução da economia e outros temas
A pesquisa do NYT também buscou saber como os eleitores dos EUA avaliam as propostas de Trump e Kamala a respeito de diferentes temas do país.
Os eleitores parecem reconhecer a vantagem de Kamala sobre Trump, por exemplo, na condução de políticas sobre o aborto nos Estados Unidos. Entretanto, existe uma diferença substancial na crença sobre quem poderia fazer um melhor trabalho na economia: 52% disseram esse nome é Trump, enquanto 45% indicaram Kamala.
Essa tendência já foi captada em outras pesquisas. Recentemente, um levantamento do jornal Financial Times, feito em parceria com a Universidade de Michigan, mostrou que 44% dos eleitores registrados disseram que confiavam mais em Trump para conduzir a economia dos EUA, contra 43% que apontaram Kamala.
Mais do que apontar a preferência por Trump para a condução da economia em um plano, os eleitores também acham que ele seria preferível para melhorar as suas próprias situações financeiras. Sobre esse quesito, 45% disseram preferir Trump, contra 37% que indicaram Kamala.
Vale destacar que a questão não é de pouca importância. Pelo contrário: o levantamento aponta que os eleitores dizem que “questões econômicas”, como o custo de vida, representam a “questão mais importante” no processo de decisão de voto.
Tudo isso tem a ver com um elemento crucial: a percepção de que o custo de vida nos Estados Unidos, atualmente, está mais alto do que no passado recente. Apesar do fato de que a economia norte-americana, em termos numéricos, andar bem.
Segundo dados do U.S. Bureau of Economic Analysis, o crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no governo Joe Biden supera a casa dos dois pontos percentuais ao ano. O desemprego também anda em patamares baixos, já que, em setembro, a taxa registrada foi de 4,1%.
Mas a inflação persiste, embora em percentuais bem abaixo do que os sentidos no Brasil. De acordo com o Bureau of Labor Statistics (BLS), a variação dos preços nos últimos doze meses – considerando setembro de 2023 e setembro de 2024 – foi de 2,4%. O problema principal está no aumento dos custos de moradia: 4,9% em doze meses.
Esse elemento-chave da eleição é explorado pela campanha de Trump. Não por acaso, 79% dos anúncios de campanha do republicano, em setembro, tiveram como destaque a inflação, segundo a plataforma de análise AdImpact.
Essa insistência no tema vem na esteira da percepção de que quase 80% dos eleitores, segundo o Financial Times, consideram o aumento de preços a sua principal fonte de preocupação financeira.
Trump diz que vai baixar o custo nos EUA, agindo sobre impostos e cortando o preço da energia. Kamala, por sua vez, garante que vai gerar oportunidades para famílias de classe média baixa do país, impedindo preços exorbitantes no mercado imobiliário para as pessoas que pretendem comprar a primeira casa.