Acordo de Mariana é positivo, mas deve afetar dividendos da Vale

Portaria do Complexo de Tubarão da Vale, em Vitória (ES)

Para analistas, o acordo de R$ 170 bilhões impactará na capacidade da mineradora de distribuir seus lucros a acionistas

Analistas entendem como positiva a proximidade de um acordo da mineradora Vale a respeito do desastre ambiental de Mariana (MG), em 2015. Algumas dúvidas ainda existem, principalmente sobre a concentração de pagamentos feitos pela empresa, e como as reparações podem afetar a capacidade de distribuição de proventos da companhia.

A percepção foi de que a proximidade de um eventual acordo é favorável, pois vai permitir que a administração se concentre nas estratégias operacionais da Vale. Os analistas indicam para uma possível diminuição nos dividendos a curto prazo, a depender do calendário para o fluxo de pagamentos.

As ações iniciaram o pregão desta 2ª feira (21.out.2024) em alta, mas agora operam em queda, ainda que próximo da estabilidade. Às 13h45 (de Brasília), os papéis recuaram 0,05%, a R$ 60,52. As ADRs (American Depositary Receipts), por sua vez, caíam 0,33%, a US$ 10,60.

SOLUÇÃO GANHA-GANHA?

A formalização de um acordo seria uma vitória, na opinião de analistas, mas há incerteza sobre os proventos no curto prazo. Os valores do acordo da Vale, BHP Billiton e a Samarco, que ainda não foi assinado, chegariam a R$ 170 bilhões. 

Do montante, R$ 38 bilhões são referentes a valores já investidos em medidas de remediação e compensação; R$ 100 bilhões pagos pelas próximas duas décadas ao governo federal, aos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo e aos municípios, enquanto R$ 32 bilhões seriam pagos em obrigações de execução da Samarco.

Esta seria uma solução ganha-ganha, disse o Itaú BBA, que possui indicação “outperform” para os papéis da Vale, com preço-alvo de R$ 74 para ações ordinárias e US$ 13 para ADRs.

“Esta é uma vitória para o governo e a sociedade, bem como para a Vale. Se um acordo for realmente alcançado, será um dos maiores assentamentos da história do Brasil”, afirmaram Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Barbara Soares.

“Todas as partes interessadas ganham”, concorda o BTG, que tem neutralidade na ação, com preço-alvo de US$ 12, mas indica para a remoção de uma questão relevante para a tese da companhia.

Ainda que não opine sobre o resultado das negociações, o Goldman Sachs entende que, tendo em vista que as incertezas sobre o tema trazem riscos para a tese, “um acordo definitivo permitirá que os investidores e a empresa se concentrem em outros aspectos que direcionam o botton-line, incluindo a notável melhoria do desempenho operacional, o que por sua vez deverá permitir uma reclassificação”. Os analistas Marcio Farid, Gabriel Simoes e Henrique Marques seguem com compra no papel, com alvo de US$ 15,50.

DIVIDENDOS PODEM SER AFETADOS

Os analistas afirmam que há incerteza sobre o fluxo do pagamento pelas empresas dos R$ 100 bilhões em dinheiro ao longo dos próximos 20 anos. Existe a possibilidade de concentração dos gastos nos 2 primeiros anos, no entendimento do Itaú BBA. Se este for o caso, a geração do fluxo de caixa pode ser limitada, assim como os dividendos no curto prazo.

“Para a Vale, as provisões adicionais necessárias (a serem feitas nos resultados do 3T24) são fixadas em US$ 956 milhões, valor inferior à nossa estimativa (e consensual) de US$ 2,5 bilhões”, disse o banco.


Com informações da Investing Brasil

Fonte: Poder 360

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