Alckmin defende corte de gastos e fim da reeleição para presidente

Gerald Alckmin

Vice-presidente criticou altos salários e aposentadorias e disse que os mais ricos deveriam pagar impostos de forma proporcional ao que ganham

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, defendeu medidas de corte de gastos no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Também se mostrou favorável ao fim da reeleição do presidente da República.

O vice-presidente concedeu entrevista aos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila do Vôlei (PDT-DF). Foi veiculada às 22h30 deste domingo (3.nov.2024) na Rede TV!. Kajuru é presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre as apostas esportivas.  A Superbet foi patrocinadora do programa transmitido neste domingo (3.nov.2024). Antes, já foi feita publicidade da BETesporte. A decisão sobre quais são os patrocinadores da atração, entretanto, é exclusiva da emissora e os apresentadores, Kajuru e Leila, não têm influência sobre esse tipo de decisão.

Alckmin disse que o desequilíbrio fiscal é “uma dificuldade” que, segundo ele, será resolvida de forma rápida. “Nós temos que cumprir o arcabouço fiscal. Não gastar um centavo a mais do que arrecada. Eu tenho um buraco aqui. Como eu zero isso? Ou aumentando receita ou cortando despesa. Eu não sou do aumento de receita, porque a carga tributária já é de 33% do PIB”, disse.

O vice-presidente afirmou que países concorrentes, como China (22%) e Índia (19%), têm cargas menores. Declarou que é preciso cortar as despesas ineficientes.

“O governo não cria dinheiro, tira da sociedade. Eu estou vestido de impostos aqui. Roupa, sapato. Tudo é 40%, 50% de imposto. A mamãe quando compra uma bicicleta para o filho, 45% é imposto. […] E aí [o governo] oferece saúde, segurança”, disse.

O vice-presidente declarou que o governo não pode, porém, usar o dinheiro para concentrar renda e “pagar altos salários, altas aposentadorias e manter a empresa estatal ineficiente”.

Para ele, é preciso ter justiça tributária. Afirmou que possibilitar que bilionários paguem mais, reduz a carga tributária da classe média. Defendeu que, no Brasil, quem ganha muito dinheiro pague proporcionalmente, assim como a classe média.

FIM DA REELEIÇÃO

Alckmin disse que é favorável à adoção de um regime político em que não há reeleição, mas que o mandato seja de 5 anos. Disse que seria uma “alternância” melhor de poder.

Segundo Alckmin, Lula teria dito que gosta de ter ex-governadores em sua equipe. Declarou que o fato de ter sido governador de São Paulo possibilitou a atuação no governo. “O presidente Lula delega. Você tem liberdade. Nós estamos trabalhando para fazer uma indústria inovadora”, declarou o vice-presidente.

Alckmin disse também que o mundo vive um momento difícil, com duas guerras e em recuperação da pandemia de covid-19. Disse que o Brasil precisa expandir os acordos comerciais. “Nós estamos meio isolado no Mercosul. O Mercosul só tem acordo com Israel, Egito, Palestina e Singapura. […] Precisamos abrir mais e fazer mais acordos”, disse.

Alckmin declarou que o governo está empenhado em fazer o acordo com a União Europeia. “O Brasil precisa ter um choque de desburocratização. Nós temos uma herança cartorial”, declarou.

VIAGEM CANCELADA

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou viagem para a Europa que faria na 2ª feira (4.nov.2024) depois que o dólar subiu R$ 0,09 na 6ª feira (1º.nov.2024). Os investidores reagiram mal ao anúncio da visita do ministro ao continente europeu. O motivo: esperam com ansiedade o anúncio de medidas para cortar os gastos públicos e tornar mais crível as metas fiscais dos próximos anos.

O atraso no anúncio é avaliado, por alguns, como uma resistência de Lula com o pacote de medidas. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse na 2ª feira (28.out.2024) ao Poder360 que o envio das medidas tem que ser “rápido.

A equipe econômica estabeleceu um objetivo de zerar o deficit público em 2025. O Ploa (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2025 não foi recebido bem pelos agentes financeiros. Avaliam que as receitas estão superestimadas, enquanto as despesas subestimadas. Defendem a necessidade de medidas de corte de gastos para viabilizar as metas.

A equipe econômica argumentou ao presidente Lula que as despesas obrigatórias estão diminuindo os gastos discricionários, aqueles que podem ser cortados do Orçamento, em especial os investimentos. Por exemplo, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pode ficar comprometido com o crescimento das despesas obrigatórias.

ENTREVISTA À REDE TV!

Alckmin também tratou sobre o G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo). “Acho que o Brasil é o grande protagonista dos 3 debates planetários: segurança alimentar, segurança energética e clima”, disse. Afirmou que o encontro de novembro do grupo de países é importante e mostra a “liderança” do Brasil.

O vice-presidente defendeu medidas de redução dos gases do efeito estufa no mundo. Disse que o Brasil tem oportunidades por ser sede da COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), em Belém.

“O Brasil vai levar a um grande exemplo. Tem 3 florestas tropicais que vão segurar o planeta”, disse, ao citar o Brasil, a Indonésia e o Congo. Defendeu a necessidade de reduzir o desmatamento no Brasil. Disse que é preciso discutir o mercado de carbono para onerar os maiores emissores.

“Para um quadro [ambiental] grave, é preciso ter várias soluções. Não tem uma bala de prata”, disse o vice-presidente. Alckmin disse que os países mais ricos são os que mais emitem carbono.

O vice-presidente declarou que o Mover fará com que toda a cadeia da indústria automotiva tenha um estímulo de R$ 3 bilhões por ano de crédito tributário para descarbonizar o setor.

Alckmin também disse que a taxa de juros no Brasil é alta e que “precisa reduzir”, porque “dificulta” a economia. Declarou que a carga tributária também é elevada, mas que a reforma tributária deverá ajudar a melhorar o ambiente de negócios.

Ele comemorou os dados da taxa de desemprego do 3º trimestre, que foi de 6,4%, o 2º menor da série histórica, iniciada em 2012. Disse também que, em setembro, foram criados 243 mil empregos formais, liderados pela indústria e comércio.

Alckmin declarou que a inflação está controlada. Declarou que “nós vamos sofrer um pouquinho agora” por causa da seca. Disse que é um problema transitório. Disse que a conta de energia vai cair com a volta das chuvas.

Fonte: Poder 360

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