Ex-primeira-dama afirmou que o governo atual tem “falso cuidado” com o público feminino; presidente do PT responde que Lula recriou o Ministério das Mulheres
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou em vídeo publicado nesta 3ª feira (22.out.2024) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nunca cuidou das mulheres. A crítica é uma resposta à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que disse que o governo atual tem “falso cuidado” com o público feminino.
“Você não tem moral para falar isso”, declarou Gleisi em vídeo publicado em seu perfil do Instagram. A petista argumentou que o Ministério das Mulheres foi “extinto” no governo Bolsonaro e recriado por Lula. O órgão, criado em 2003, foi incorporado ao Ministério da Justiça e Cidadania durante o governo Michel Temer (MDB), em 2016.
A congressista afirma ainda que Lula reestruturou o disque denúncia 180 e declarou que o ex-presidente enfraqueceu.
“Decidi refrescar a memória de Michele Bolsonaro e mostrar como Lula reconstruiu as políticas públicas que garantem os direitos das mulheres, e que o inelegível fez questão de destruir nos 4 anos que foi presidente. Bolsonaro nunca cuidou das mulheres”, escreveu a congressista na legenda.
O vídeo foi gravado em frente a uma geladeira, em referência à fala de Lula que provocou os comentários de Michelle. Durante uma live transmitida no sábado (19.out), o presidente afirmou que são as mulheres quem sabem “as coisas que tem dentro da geladeira”, sugerindo que o público feminino tem mais familiaridade com funções domésticas.
As ministras, Anielle Franco (Igualdade Racial) e Cida Gonçalves (ministra das Mulheres) comentaram a publicação em apoio à presidente do PT.
Eis a publicação:
ACUSAÇÕES CONTRA O MINISTÉRIO DAS MULHERES
Na 2ª feira (21.out), o Alma Preta divulgou que Cida Gonçalves é acusada de contribuir para um ambiente de trabalho marcado por assédio moral e perseguição. Segundo o veículo, 17 testemunhas, sob anonimato, relataram que a ministra teria demitido uma secretária por priorizar a campanha eleitoral em detrimento de suas funções. Há ainda relatos de racismo praticado pela secretária-executiva do órgão, Maria Helena Guarezi, e alegações de omissão por parte de Cida ao ser informada dos casos.
A Ministra afirmou na 2ª feira (21.out) ao Poder360 que segue no cargo e que uma eventual decisão sobre seu afastamento cabe ao presidente Lula.
Dados da Pesquisa Pública do SEI (Sistema Eletrônico de Informações) mostram que não há nenhuma ação registrada contra Cida e Guarezi. O sistema contém todos os processos administrativos de órgãos públicos, incluindo investigações de condutas irregulares de funcionários. Os casos de assédio podem estar sob sigilo.
Os relatos de assédio moral contra a ministra envolvem a secretária de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política, Carmen Foro, exonerada em 8 de agosto. Depois da demissão, a ministra teria usado uma reunião para “ameaçar” o emprego de funcionárias que faziam parte da equipe de Foro. Em uma gravação obtida pelo Alma Preta, é possível ouvir a ministra dizendo “quem é dela e que veio com ela, tinha que ir”.
A ministra também foi acusada de contribuir para um ambiente de trabalho marcado por assédio moral e perseguição. O site registrou laudos de problemas como síndrome de burnout, crises de pânico e de ansiedade por causa do ambiente de trabalho. Ao todo, foram 59 demissões registradas no DOU (Diário Oficial da União) desde o início da gestão de Cida Gonçalves.
Já Guarezi foi acusada de racismo por supostamente ter pedido a Carmen Foro, que tem cabelo crespo, para se sentar durante uma reunião. Segundo relatos, o cabelo de Foro estaria “atrapalhando a visão do espaço”.
As funcionárias e ex-funcionárias alegam que a ministra das Mulheres sabia do caso, mas não agiu. Outras relataram ser comum ouvir comentários como “de novo isso de racismo?” e “já vem essa de mulher negra”.
Em setembro, Cida prestou solidariedade à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que teria sido uma das vítimas de assédio sexual por parte do então ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos). Silvio foi demitido do cargo, mas nega as acusações.