Gustavo Paschoa, 52 anos, afirma que o mercado tem entendido as vantagens da cabotagem frente ao modal rodoviário
Estreante no mercado de cabotagem–navegação entre portos– brasileiro, a Norcoast iniciou suas operações no país no momento certo. Essa é a avaliação do CEO da companhia, Gustavo Paschoa, de 52 anos. Na visão do executivo, o Brasil vem mudando sua cultura de transporte e entendido que o modal de navegação portuária entrega melhores resultados do que as rodovias.
Ao Poder360, Paschoa declarou que está satisfeito com o desempenho da companhia, que opera no Brasil desde fevereiro. A empresa entrou no mercado na esteira do BR do Mar, a lei de incentivo a cabotagem sancionada em 2022, que flexibilizou a entrada de empresas no setor. Segundo Paschoa, a norma ainda carece de regulamentações, mas já dá efeitos positivos ao modal de transporte.
“Hoje a cultura do brasileiro é da rodovia. Os embarcadores devem planejar um pouco melhor e sair dessa cultura do caminhão. Eu acho que o Brasil já está passando por essa transformação”, disse Paschoa. “Para cada 10 contêineres rodando de caminhão em longas distâncias pela costa brasileira, 5 já poderiam estar na cabotagem”.
A cabotagem possui uma vantagem econômica relevante ante o modal rodoviário. Essa modalidade é, em média, de 20% a 30% mais barata do que despachar mercadorias em um caminhão. Apesar de competir, a cabotagem não mata os caminhões e a intermodalidade é um cenário interessante para as empresas que buscam um frete mais competitivo.
Assista à íntegra da entrevista (20min49s):
Apesar da percepção de que uma mudança de cultural está em andamento, Paschoa declarou que existem aspectos que podem tornar a cabotagem mais atrativa. Para o executivo, um fator necessário que precisa ser revisto é o monopólio da Marinha na formação de profissionais do setor marítimo. Paschoa explicou que o ritmo de graduação da Marinha causa uma carência de profissionais no setor e trava perspectivas de expansão, pois esses formandos são disputados por todo o setor naval.
Segundo Paschoa, o governo deveria abrir esse mercado para a iniciativa privada e manter o monopólio da Marinha apenas para a formação de profissionais voltados para funções de defesa das águas brasileiras.
“Hoje o mercado já tem uma carência muito grande de marítimos. A formação desses marítimos é feita em duas escolas controladas pela Marinha [ no Rio de Janeiro e em Belém]. Isso traz um estresse de custo porque todos disputam os poucos profissionais”, declarou.
Sobre as ações do governo para incentivar o modal de transporte marítimo, Paschoa disse que enxerga de forma positiva a iniciativa de conceder hidrovias à iniciativa privada. O governo já selecionou 6 projetos que devem ser licitados nos próximos anos.
“Essas concessões vão ser importantes porque você vai chamar um concessionário para cuidar da infraestrutura. Não basta o rio ser navegável, você tem que ter sinalização e regulamentação de vias para gerenciar todo o tráfego náutico”.
Atualmente, a Norcoast opera em um circuito de 5 portos, de Norte a Sul do país. São eles:
- Porto de Paranaguá (PR);
- Porto de Santos (SP);
- Porto de Suape (PE);
- Porto do Pecém (CE);
- Porto de Manaus (AM).
Ao Poder360, Paschoa disse que a Norcoast quer expandir suas atividades para mais 1 porto ainda em 2024: o Porto de Itajái (SC). “A gente está operando há quase 6 meses em 5 portos. Olhando para frente, nós estamos negociando para poder ter uma chamada na nossa rotação em Itajaí para atender o mercado de Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul. Pretendemos iniciar essa operação ainda esse ano”.
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