Investimento em inteligência artificial pode liderar a transformação digital e garantir um futuro competitivo no país
Qual futuro o Brasil quer para os brasileiros? Independentemente da resposta, precisamos ter em mente que os dias que virão serão digitais. Que as relações humanas continuarão valendo, mas que o mundo também é, cada vez mais, virtual. Que precisamos de educação para formar mentes brilhantes, mas que a inteligência artificial é uma realidade inexorável. E que precisamos investir nesse amanhã. Porque o mundo inteiro já está fazendo isso.
E fazendo a passos largos, investindo como gente grande. Liderados pela Europa e pelos Estados Unidos, os investimentos mundiais em inteligência artificial totalizaram US$ 42,5 bilhões ao longo de 2023. Na China, outro player estratégico nesse mercado, as 3 maiores empresas de tecnologia –Alibaba, Tencent e Baidu– já gastaram nos primeiros 6 meses de 2024 o equivalente a aproximadamente R$ 38,5 bilhões.
A Arábia Saudita decidiu entrar no universo da evolução tecnológica ao mesmo tempo em que faz a transição energética para diminuir a dependência dos combustíveis fósseis. O país árabe quer investir pesado em startups. Nos últimos 4 anos, elas cresceram de 177 para 242. De acordo o New York Times, o reino saudita destinou US$ 40 bilhões para criar o maior fundo de capital de risco do mundo voltado exclusivamente à inteligência artificial. Ou seja, um fundo do tamanho do investimento total mundial nessa área ao longo de 2023.
Não são apenas os governos que estão percebendo essa urgência.
O setor produtivo também está profundamente atento à essa nova realidade. Um relatório global recente da KPMG International apontou o aumento significativo do interesse dos líderes empresariais em tecnologias emergentes, sobretudo em relação à GenAI (inteligência artificial generativa). O interesse mais do que triplicou em 2023, passando de 10% para 38%. No Brasil, 63% dos entrevistados acreditam que a IA será uma tecnologia fundamental para atingir os objetivos das organizações nos próximos 3 anos. Segundo a pesquisa, 70% dos executivos planejam investir nessa área para obter uma vantagem competitiva.
O Brasil, com todas as limitações orçamentárias e fiscais, também tem se movimentado para não ficar para trás. Tivemos o anúncio do plano de IA, que prevê investimentos de R$ 23 bilhões de 2024 a 2028 para que a inteligência artificial seja utilizada em áreas-chave como saúde, agro, indústria, meio-ambiente, educação, comércio, serviços, desenvolvimento social e serviços públicos. E a compra de um supercomputador para a realização das pesquisas científicas no país.
Em 11 de setembro de 2024, em uma cerimônia concorrida no Palácio do Planalto, o presidente Lula sancionou uma lei com incentivos de R$ 21 bilhões, até 2026, para produção nacional de semicondutores. E o objetivo de digitalizar 50% das empresas brasileiras até 2033. O objetivo é estimular investimentos em pesquisa e inovação nas cadeias de chips e eletroeletrônica, com aplicações voltadas para painéis solares, smartphones, computadores pessoais e outros dispositivos associados diretamente à chamada indústria 4.0.
Todos sabem como sou apaixonada por esses temas, uma das principais razões de ser do meu mandato.
Sou diretora de inovação da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo. No 1º semestre, realizamos o Fórum de Competitividade 2024, em parceria com o MBC (Movimento Brasil Competitivo), tendo como tema a transformação digital e a inteligência artificial. Foi rico, foi profundo, foi intenso e desdobrou-se em propostas concretas que serão entregues ao Poder Executivo. Uma delas defende que o país precisa desenvolver uma infraestrutura pública digital para integrar e otimizar as ações em diferentes níveis de governo, promovendo uma atuação mais coesa e eficiente na construção de um futuro digital para o país.
Esse tema estará presente na reunião do G20 de novembro, organizada e presidida pelo Brasil.
Podemos não apenas nos afirmar como nação líder em inovação e desenvolvimento tecnológico, mas também ter a oportunidade de influenciar políticas públicas globais e inspirar soluções inovadoras para desafios comuns enfrentados por diferentes países. Mostramos que temos capacidade para isso ao promover revoluções como a criação do Pix, da plataforma Gov.Br, do CadÚnico para centralizar os dados dos programas sociais, do Cadastro Ambiental Rural e o do meu SUS Digital.
É fundamental continuar investindo em pesquisa, desenvolvimento, bem como fortalecer a cooperação internacional, promovendo a troca de conhecimentos e boas práticas. E precisamos promover parcerias público-privadas para garantir que os benefícios da transformação digital sejam amplamente distribuídos. Só assim teremos condições de acompanhar a revolução digital em curso no planeta.