CCJ da Câmara chama Eduardo Tagliaferro para falar sobre caso Moraes

Comissão aprovou requerimento de convite para o ex-auxiliar de Alexandre de Moraes no caso das investigações extraoficiais do TSE

A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara decidiu nesta 4ª feira (28.ago.2024) que convidará Eduardo Tagliaferro, ex-auxiliar do ministro do STF Alexandre de Moraes, para dar explicações sobre as investigações extraoficiais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre bolsonaristas.

O requerimento (íntegra – PDF – 875 kB)) é de autoria de Bia Kicis (PL-DF). Ainda não há data para a sessão. Por se tratar de um convite, e não uma convocação, Tagliaferro não é obrigado a ir. 

Tagliaferro é ex-chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação), do TSE, e ex-auxiliar de Moraes. 

Segundo mensagens e arquivos trocados entre o ministro, auxiliares e outros integrantes de sua equipe pelo WhatsApp, o gabinete de Moraes pediu pelo menos 20 vezes a produção de relatórios de forma não oficial. A atuação se deu por meio do setor de combate à desinformação da Justiça Eleitoral. O caso foi revelado pela Folha de S.Paulo.

Após a reportagem, Tagliaferro disse que sempre teve dúvidas dos procedimentos adotados pelo ministro. Porém, cumpria ordens: “Quem vai dizer não para o homem?”. 

Tagliaferro contou detalhes da sua rotina com Moraes em entrevistas para a Revista Oeste e o jornal Estadão. 

Eu era um funcionário. É como se fosse um cozinheiro e o dono do restaurante falasse assim: ‘Quero que você faça feijoada hoje; coloque beterraba na feijoada’. Suponha que respondi: ‘Ah, mas beterraba não’. E o chefe respondeu: ‘Não. Põe beterraba’. ‘Está bem, colocarei a beterraba’”, disse à Oeste. A entrevista foi publicada na 6ª feira (23.ago.2024). 

Já o Estadão publicou a conversa com Tagliaferro no sábado (25.ago). O jornal questionou ao ex-auxiliar de Moraes se houve pedidos “indevidos” do magistrado.  

Tagliaferro disse que “não é técnico” para responder à pergunta, mas que “muitas vezes tinha a sensação” de que algumas solicitações de Moraes não eram relacionadas às eleições ou ao próprio TSE.  

“Questionei meus superiores e me foi explicado que estava tudo certo, não havia problema nenhum e que era para seguir apenas fazendo o meu trabalho. Não questionei e busquei fazer o meu melhor, sem maiores ponderações. Espero que eles realmente estejam certos”, disse o ex-auxiliar do ministro.

O QUE DIZ MORAES

Em nota, o gabinete do ministro disse que todos os procedimentos dos inquéritos das fake news e das milícias digitais foram “oficiais, regulares e estão devidamente documentados” na Corte.

“Os relatórios simplesmente descreviam as postagens ilícitas realizadas nas redes sociais, de maneira objetiva, em virtude de estarem diretamente ligadas às investigações de milícias digitais. Vários desses relatórios foram juntados nessas investigações e em outras conexas e enviados à Polícia Federal para a continuidade das diligências necessárias, sempre com ciência à Procuradoria Geral da República”, disse.

Fonte: Poder 360

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