Esta semana, lembrei-me de assistir ao filme, “AI: Inteligência Artificial”, do genial Steven Spielberg, e do primeiro menino-robô, David, programado para amar. Sem a real aceitação dos humanos ou das máquinas, David, o menino-robô, viaja por uma jornada para descobrir o verdadeiro mundo e tropeça nos empecilhos da humanidade.
Lendo o artigo: “O que selfies revelam sobre o mundo atual”, de Emílio Lezama, publicado pela Folha de S. Paulo de 30 de agosto de 2015, encantei-me com os argumentos apresentados pelo escritor tratando sobre “o pau de selfie”, uma novidade tecnológica de 2015. Enquanto muitos esperavam carros voadores como o do desenho, “Os Jetsons”, ou mesmo, Rita Lee, em uma de suas composições, deparamos com o nosso regresso. Não só tecnologicamente, todavia diante do mundo das ideias, pensamentos, reflexões. Retornamos ao arcaísmo, à ausência do pensar.
Tecnologicamente refletia sobre os benefícios do ChatGPT, e nada me convence de suas benesses ao ser humano. Produz-se, hoje, seres humanos que foram desacostumados aos exercícios mais eficazes para o ser humano, e um deles é a arte de escrever manualmente e através dessa tecnologia (a escrita manual) poder pensar, refletir, analisar. O ChatGPT é a cultura de massa, a sua eficiência é apenas a comercial. Há algumas semanas, um deputado apresentou um PL (Projeto de Lei) todo escrito pelo ChatGPT, e fez questão de ocupar a tribuna e bradar o feito desmoralizante aos demais. Era a propagação da burrice. O arraigar da sociedade desestruturada.
Como docente, professor de Redação, e jornalista, luto pela valorização da escrita manual, o exercício do pensar, a elaboração e organização textual, o incentivo à leitura. Todavia, o ChatGPT, essa Inteligência Artificial (AI) produz o contrário, reduz a capacidade humana, alimenta à indústria tecnológica e sua massificação. Adorno e Benjamin não se cansariam de escrever manualmente o mal que esse avanço nos fará.
O ChatGPT é um desserviço às aulas de Produção Textual, mais do que isso, é o engodo da humanidade. Será que a burrice se propagará, expandindo-se ainda mais. Dom Quixote ainda luta contra moinhos de vento.
Por: Sérgio Sant’Anna