Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos afirma que a sabatina do indicado deve ficar para depois do 1º turno das eleições
O presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) no Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), disse acreditar que Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o comando do BC (Banco Central), “não vai ter problema” na Casa Alta.
“Gabriel já tem uma vantagem porque já tem esse contato da indicação dele como diretor do BC. É articulado, creio que não vai ter problema nenhum”, declarou nesta 4ª feira (28.ago.2024) em entrevista à GloboNews.
Ventilada há meses, a indicação de Galípolo foi confirmada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta 4ª feira (28.ago). O próximo passo será o anúncio formal à CAE, onde os indicados são sabatinados.
A data para a discussão, contudo, ainda não está fechada. Na 3ª feira (27.ago), Vanderlan já havia descartado a possibilidade da sabatina para a próxima semana. Disse nesta 4ª feira (28.ago) que deve ficar para depois do 1º turno das eleições –realizado em 6 de outubro.
“Pretendo conversar com o presidente Rodrigo Pacheco [PSD-MG] pessoalmente, ter uma conversa com ele para a gente poder tomar essa decisão em conjunto. Já que não adianta ser sabatinado às pressas na CAE e no plenário não ser marcada essa votação. Depende disso. Semana que vem está impossível”, declarou.
Segundo o congressista, “precisam de pelo menos 20, 30 dias para fazer esse trabalho e tem que ser presencial”.
Ainda, o senador disse que o fato de a Casa Alta ser formada, em sua maioria, por opositores ao governo não influenciará na decisão.
“Não é uma Casa hostil, aprovamos tudo o que precisava, não vai misturar não. É claro que o governo pode melhorar muito a interlocução. Alguns acordos feitos não estão sendo cumpridos. Isso dificulta um pouco. O governo tem que dialogar mais. Tem que ter mais uns 2, 3 Jaques Wagner [líder do Governo do Senado, PT-BA]. Ele tem que ter ajuda. Não haverá essa contaminação”, disse Vanderlan.
Eis o processo pelo qual passará Galípolo:
- o governo envia ao Senado por meio de mensagem a indicação do presidente do BC;
- a mensagem é lida em plenário e enviada à CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado;
- é designado um relator, que fará um parecer para atestar se o indicado tem condições ou não de exercer o cargo;
- o indicado é sabatinado pela CAE e a comissão analisa se chancela ou não. Dos 26 votos, precisa de maioria simples (metade dos presentes + 1). Se der empate, o presidente da comissão dá o voto de minerva;
- caso aprovado, o parecer é lido no plenário do Senado;
- os 81 senadores analisam o nome do indicado e votam a favor ou contra;
- para ser aprovado no plenário, precisa ter maioria simples;
- se aprovado, o Senado comunica a presidência, que publica o nome no Diário Oficial da União.
INDICAÇÃO DE GALÍPOLO
Galípolo substituirá Roberto Campos Neto, que está no comando do BC desde 28 de fevereiro de 2019. Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Campos Neto colecionou críticas do governo Lula, principalmente por reduzir pouco, na avaliação do Executivo, a taxa básica de juros.
Com a indicação de Galípolo para a presidência do BC, o governo ainda tem de indicar nomes para outras 3 vagas da diretoria da instituição:
Segundo Haddad, o governo vai “trabalhar os 3 nomes que vão compor diretorias até o fim do ano” e “oportunamente” os indicar.