Cúpula do G20 começa com dificuldade em fechar declaração final

Armazém Utopia, na região portuária do Rio, onde foi realizado o Urban 20, reunião de prefeitos de 100 cidades dos países do G20

Argentina se opôs a diversos temas em discussão e, sem consenso, documento pode cair; resultado seria um fracasso diplomático para o bloco

A reunião da Cúpula de Chefes de Estado do G20 começa nesta 2ª feira (18.nov.2024), no Rio, com um impasse sobre a viabilidade de se ter uma declaração final aprovada por consenso. A Argentina se opôs a diversos temas em discussão e, se não ceder, periga derrubar o documento, o que seria um fracasso diplomático para o bloco, especialmente para o Brasil, que comanda o grupo até o fim do mês.

Países desenvolvidos também demonstraram contrariedade com a pauta do financiamento climático, defendido pelas nações em desenvolvimento, o que mostra claramente uma oposição entre o G7, grupo das maiores economias do mundo, e o Brics, bloco formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Havia resistência também de alguns países a mencionar as guerras na Ucrânia e em Gaza, mas a escalada do conflito no Leste Europeu nos últimos dias, após intensos ataques russos à região, fez com que países europeus cobrassem uma declaração mais dura contra a Rússia no documento final.

O G20 reúne as 19 maiores economias do mundo, a União Europeia e a União Africana. O Brasil preside o bloco desde 1º de dezembro de 2023. O mandato é de 1 ano. A África do Sul será a próxima anfitriã do encontro.

Nos últimos dias, os sherpas, como são chamados os negociadores de cada país, e integrantes dos governos se reuniram para tentar chegar a consensos sobre os temas que serão abordados na declaração final. Depois de rodadas de reuniões ministeriais que tiveram a aprovação de documentos com a anuência de todos os integrantes, pela 1ª vez em 2 anos e meio, havia uma expectativa por uma declaração final mais tranquila.

Embora o presidente argentino Javier Milei (La Libertad Avanza, direita) já indicasse discordâncias há algum tempo, a posição argentina endureceu nas últimas semanas. Diplomatas brasileiros ressaltam que o movimento se deu depois da vitória de Donald Trump (republicano) para presidir os Estados Unidos a partir de 2025. Ambos são aliados e se encontraram na semana passada na Cpac (Conferência Política da Ação Conservadora), que reúne líderes políticos da direita mundial. O evento foi realizado em Mar-a-Lago, resort de Trump na Flórida.

Os argentinos se opuseram a inclusão de menções à reforma de sistemas multilaterais globais, taxação de grandes fortunas, questões de gênero, desenvolvimento sustentável e meio ambiente. De acordo com a agência AFP, o presidente da França, Emmanuel Macron (Renascimento, centro), foi a Buenos Aires para ter duas reuniões com Milei antes de ambos embarcarem para o Rio. O francês foi tentar convencer o argentino sobre a necessidade de um “consenso internacional”.

Negociadores de todos os países ficaram até às 5h da madrugada de domingo (17.nov.2024), no Rio, em discussões sobre a declaração final. As rodadas de debates temáticos foram concluídas após 6 dias de discussões e agora o documento está sendo submetido aos presidentes e primeiros-ministros. É possível haver mudanças. Se aprovado, o texto será divulgado durante a cúpula.

No domingo (17.nov.2024), o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, disse que os presidentes de países do G20 devem evitar divisões na cúpula do grupo.

“Faço um apelo a todos os países para que tragam um espírito de consenso para transformar esta reunião do G20 em um êxito”, afirmou Guterres em entrevista a jornalistas no centro de mídia ao lado do MAM (Museu de Arte Moderna), no Aterro do Flamengo, na região central do Rio. Os chefes de Estado vão se reunir no local. “Se o G20 se divide, o G20 perde a relevância”, declarou o secretário.

Cúpula do G20

O 1º dia de reunião começa nesta 2ª feira (18.nov.2024). Lula receberá os chefes de Estado a partir das 8h40 no MAM (Museu de Arte Moderna do Rio), onde todo o evento será realizado.

Depois, às 10h, Lula lançará oficialmente a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, sua principal iniciativa à frente do G20. O objetivo é alcançar 500 milhões de pessoas em todo o mundo com programas de transferência de renda e sistemas de proteção social até 2030 em países de renda baixa e média. Ao menos 41 países aderiram ao projeto.

Às 14h30, será realizada a reunião de líderes do G20 em que será discutida a reforma das instituições de governança global. Lula é crítico e defende uma reforma ampla em organismos como a ONU (Organização das Nações Unidas).

Às 18h, Lula e a primeira-dama Janja Lula da Silva recepcionarão os chefes de Estado no MAM.

Fonte: Poder 360

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