entidades querem derrubar elevação da alíquota

Sinproquim

Associações impactadas com a medida do governo dizem que taxação enfraquece a indústria e não trará resultados estruturais

Entidades afetadas pelo aumento da alíquota de importação de 30 produtos químicos articulam medidas para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reverter a medida. Associações que representam empresas que consomem os químicos básicos para produção de produtos como tintas, plásticos e borracha afirmam que o aumento da taxação de importados vai aumentar os custos dessas indústrias e, consequentemente, pressionar a inflação.

O pleito de elevação das alíquotas foi da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química). Como mostrou o Poder360, o setor enfrenta uma crise que reduziu o fator de utilização das plantas ao menor nível da história. A conjuntura convenceu o Gecex-Camex (Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior) a aprovar o aumento da alíquota e proteger o setor das importações da China.

A principal reclamação das indústrias é que o governo não considerou os impactos na longa cadeia que se inicia na produção de químicos básicos. Ao Poder360, o presidente executivo da Abrafati (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas), Luiz Cornacchioni, disse que o governo optou por tomar uma medida conjuntural para resolver um problema estrutural do setor químico.

Ou seja, ao em vez de articular medidas estruturantes, como aumentar a oferta de gás natural para diminuir os custos de produção das fábricas químicas, o governo decidiu apenas proteger um setor específico, ao custo de todo resto da cadeia industrial.

“Está se tomando uma medida conjuntural para resolver um problema estrutural e qualquer um que conhece o mínimo de administração sabe que não se resolve problema estrutural com medida conjuntural. Isso é capítulo um de qualquer livro de administração”, disse Cornacchioni.

O presidente executivo da Abrafati declarou que a decisão do governo pode resultar no fechamento de empresas menores, que dependiam dos químicos estrangeiros mais baratos para alavancar suas produções. “Dependendo do tamanho da indústria, uma indústria muito pequena, ela não consegue um custo desse aí, e ela pode paralisar a indústria. Ou, você vai ter reflexo no preço e no final das contas, na inflação”.

O argumento da Abrafati também é compartilhado pelo presidente executivo da Abiarb (Associação Brasileira da Indústria de Artefatos de Borracha), Reynaldo Megna. Em conversa com o jornal digital, Megna disse que a indústria da borracha será uma das mais atingidas pela medida e que o setor ficou “incrédulo” quando viu o pleito da Abiquim prosperar.

Segundo Megna, o governo tem dado indicações de que não quer aumentar as barreiras tarifárias, mas a decisão do Gecex-Camex contraria o que o Planalto vinha defendendo.

“Eu confesso que nós interpretamos tudo o que você pudesse imaginar, menos de que aquilo iria prosperar. Porque já não bastasse o acúmulo de problemas que nós tínhamos nessa inversão de valores e o governo ter acabado de assumir um trabalho de montar um grupo técnico de trabalho para atacar a escalada tarifária invertida, não faria sentido algum esses pleitos prosperarem”, disse Megna.

Na semana passada, a Abiarb se reuniu com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, para apresentar os possíveis efeitos do aumento da alíquota de importação no setor da borracha. Segundo a apresentação, a indústria identificou que não houve surto de importações de 5 produtos químicos essenciais para o setor da borracha, mas mesmo assim foram taxados. A Abiarb pediu ao ministro que encaminhasse ao governo o pleito de abaixar as tarifas de importação desses produtos. Veja a íntegra da apresentação (PDF – 512 kB).

No total, o setor químico pediu a elevação da alíquota de importação de 64 produtos. Megna disse que se todos os pleitos fossem atendidos, a indústria da borracha no Brasil iria falir. Com a aprovação dos 30 produtos, Megna estimou que o setor da borracha vai perder 29% de sua lucratividade.

Outro setor impactado pela decisão do Gecex-Camex é o de plásticos. Ao Poder360, o presidente do Conselho da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), José Ricardo Roriz Coelho, atribuiu a crise do setor químico à gestão das petroquímicas brasileiras. Na visão do executivo, as empresas que atuam na indústria química foram incapazes de se atualizar e tornar sua produção mais competitiva e que agora o governo quer salvar essas companhias enquanto outras empresas pagam a conta.

“Se essas empresas não têm, mesmo que a maior alíquota do mundo não tenha competitividade, o problema não é um setor que usa os produtos dela. O problema é essa empresa que não atualizou, que não inovou, que não cresceu, que não investiu para que fosse mais competitiva. Então, não tira passar essa conta para a sociedade pagar”, disse Coelho.

Fonte: Poder 360

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