Maguila sempre foi protetor de seu filho, inclusive, o defendia em episódios que presenciava
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Redação Terra
25 out
2024
– 10h49
(atualizado às 12h59)
Júnior Ahzura, filho de Adilson Maguila (1958-2024), prestou homenagem ao pai poucos dias antes de sua morte. O pugilista morreu na quinta-feira, 24, por complicações de encefalopatia traumática crônica (ETC), popularmente conhecida como demência pugilística.
Em postagem realizada em seu perfil no Instagram, Júnior Ahzura compartilhou um vídeo em que o pai discorre sobre a homossexualidade. O arquivo é uma entrevista antiga do boxeador. Na época, Júnior ainda era uma criança e sequer imaginava ser um ‘viado’, como o próprio pai se referia aos LGBTQ+.
“Para mim, esse negócio de homossexualismo é para quem sabe ler e quem inventou esse nome científico. Eu não tenho estudo. O homem, o ‘viado’ não é uma doença. Ele nasceu com o dom de ser ‘viado’ e de transar com homens. Então, não acho que seja uma doença. A pessoa já nasceu com esse dom”, disse Maguila, em entrevista concedida em 1992. “A gente não pode ser contra”.
Na legenda da postagem, Júnior Ahzura aproveitou para homenagear o lutador e escrever palavras de carinho. “Orgulho ter um pai que sempre me aceitou e respeitou! Mais que um herói nacional, meu pai!”, declarou.
Um pouco mais sobre Júnior Ahzura, filho de Maguila
Diferente de seu pai, ele não seguiu carreira no esporte. Graças ao boxeador, ele teve uma vida de privilégios, estudou em escolas particulares e pôde escolher as universidade que quis cursar o ensino superior. Fez duas faculdades e atualmente é ativista e apresentador do podcast Gordosfera, onde narra suas próprias experiências e descobertas, como o processo de acolhimento da família na sexualidade.
“Eu já nasci grande. Sou filho de uma mulher branca relativamente alta. Meu pai, um homem negro de 1m88, com porte físico largo. Todo mundo esperava um bebezão. E eu fui muito bem acolhido nessa família. Já havia pessoas gordas. Meu avô, meus tios e tias”, contou Júnior Ahzura no primeiro episódio de seu programa. “Me chamavam de baleia”, complementou o rapaz, citando que sofria bullying.
A questão do preconceito piorou quando ele começou a descobrir e assumir a homossexualidade.
“Sempre fui um gordinho viado, era nerd também, ainda sou. Mas fui uma criança ‘viada’. Eu era muito gay e desde pequeno. E me zoavam muito porque eu era gordo, e depois porque eu era uma bichinha e minha voz não tinha engrossado como a dos outros meninos”, relembrou ele, no mesmo episódio.
Maguila sempre foi protetor de seu filho, inclusive, o defendia em episódios que presenciava, o que o estimulou a se tornar um ativista da causa. Além do podcast, ele integra o coletivo Adiposa Facção e dá aulas no Instituto Moreira Salles, em São Paulo.