Gayer nega desvio de verbas e diz que Moraes quer “sujar” seu nome

gustavo gayer em video publicado nas redes sociais

Deputado diz que investigação da PF se deu “coincidentemente” depois da campanha contra o PSD e da ligação com Musk

O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) compartilhou um vídeo em que negou ter desviado recursos públicos para financiar “atos antidemocráticos” ou ter cometido crimes. Foi alvo de mandado de busca e apreensão da PF (Polícia Federal) nesta 6ª feira (25.out.2024), em operação autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. O congressista e outras 17 pessoas são investigadas por desvio de verba pública, peculato, falsificação de documentos e associação criminosa. Ele tomou posse na Câmara em 1º de fevereiro de 2023, ou seja, depois de 8 de Janeiro.

Gayer disse que ele e sua defesa só tiveram acesso aos documentos horas depois de agentes da corporação terem ido até a sua casa. Declarou ser alvo de perseguição por Moraes, que, segundo ele, quer “sujar” seu nome na véspera do 2º turno das eleições. A decisão do ministro (íntegra – 239 kB) afirma que o deputado é “apontado nas investigações como peça central da associação criminosa investigada e autor intelectual dos possíveis crimes acima descritos, responsável por direcionar as verbas parlamentares para atividades de particulares, as quais tinham o intuito de movimentar atos antidemocráticos”

O congressista afirmou que “coincidentemente” as investigações começaram depois de ele fazer campanha contra o PSD (Partido Social Democrático) e ter falado ao telefone com Elon Musk.

Assista (12min6s):

VERBAS DESTINADAS A ONG

  • uso dos dados de crianças: Gayer disse que a ata em que constam os dados da Ascompeco (Associação Comercial das Micros e Pequenas Empresas de Cidade Ocidental) é de 2003 e foi realizada em uma gestão anterior à atual;
  • verbas: negou que o dinheiro de emendas tenha sido destinada à organização, mas confirmou que tinha a intenção de apoiá-la. O objetivo da OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), segundo ele, é “fomentar a criação de novas associações e grupos que defendam a bandeira da direita”.

Segundo a PF, Gustavo Gayer teria adquirido a Ascompeco para receber verbas públicas por meio das emendas dos congressistas.  

O deputado teria tentado mudar o nome da organização para Idise (Instituto de Desenvolvimento & Investimento Socioeducacional) e apresentado em 2023 documentos de 20 anos antes. Na ata, integrantes da diretoria tinham de 1 a 9 anos.

Diálogos entre os envolvidos sinalizam o que seria um plano de forjar o caráter independente da associação adquirida quando, na realidade, seria ligada aos comandos do gabinete de Gayer.

ESCOLA DE IDIOMAS

  • endereço: disse que passou a usar o espaço que alugava para uma escola de idiomas para funcionar como seu escritório político a partir de 2023, ano em que foi eleito;
  • escola on-line: por causa da pandemia, ele afirmou que desativou o espaço e adotou o ensino remoto;
  • contrato social: declarou que não mudou o contrato social do prédio depois da mudança e que fez isso meses depois.

A investigação aponta que o espaço da Rua T-38, nº 147, QD 116, LT 11, Setor Bueno, Goiânia/GO, foi locado com cota parlamentar e que a escola de inglês “Gayer Idiomas” funciona no endereço. O espaço também seria utilizado para a Loja Desfazueli

LOJA DESFAZUELI

  • loja: disse que criou a empresa de camisetas e adesivos com mensagens contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em fevereiro de 2023, mas que não teve o desempenho esperado e parou de operar;
  • endereço de ex-funcionário: afirmou que o único endereço registrado da empresa é de João Paulo de Sousa Cavalcante, um ex-funcionário, e que a casa era usada com estoque.

A polícia suspeita que assessores de Gayer seriam pagos com recursos públicos para trabalharem na loja de camisetas, registrada em nome do filho do deputado, Gabriel Gayer.

EX-FUNCIONÁRIO PRESO

  • João Paulo Cavalcanti: Gayer confirmou que o ex-assessor trabalhou para ele de março a abril de 2023;
  • 8 de Janeiro: disse que o ex-funcionário participou dos atos “sem o conhecimento” dele. Foi preso em 15 de agosto de 2023;
  • Goiás Online: Cavalcanti abriu a empresa que foi contratada pelo gabinete de Gayer para divulgação de ação parlamentar. O deputado diz que encerrou o contrato com a empresa porque era “muito ruim”;
  • financiamento do 8 de Janeiro: negou que tenha qualquer envolvimento com o caso, já que a contratação da Goiás Online se deu meses depois dos atos. Gayer tomou posse como deputado federal em 1º de fevereiro de 2023.

Para a PF, Gayer teria tentado contratar o ex-assessor, mas teria sido impedido por ter condenação prévia. Cavalcanti teria então constituído a empresa Goiás Online para ser contratada pelo gabinete do deputado.  

A empresa de marketing teria sido apenas uma fachada para contratar o ex-assessor. Os serviços prestados não foram oficialmente declarados. A Goiás Online recebeu R$ 24.000 em 3 parcelas mensais em 2024 (R$ 8.000 cada uma), segundo o portal de transparência da Câmara dos Deputados.

DINHEIRO EM CASA DE ASSESSOR

  • confirmou que R$ 72.000 foram apreendidos em dinheiro vivo pela PF em um endereço ligado a um integrante da sua equipe;
  • disse que o dinheiro encontrado é da mãe do assessor, seria proveniente de espaços comerciais alugados e guardado em casa porque ela “não confia em bancos”.

Segundo a investigação, o deputado chefiava os atos do grupo investigado. 

Dezenove pessoas foram envolvidas, mas uma delas foi excluída pela PF por ausência de vínculos. 

Na apuração da PF, há 2 núcleos na associação criminosa:

  • um grupo operava por meio de assessores e aliados no interior do gabinete;
  • o outro era ligado ao “contador do grupo”, que operava por meio de “laranjas”. 

A PF tem 60 dias para apresentar relatório parcial do material e do conteúdo eletrônico apreendidos.

Fonte: Poder 360

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