A presidente do PT defende que o pagamento de aposentadorias do INSS deve continuar sendo vinculado ao salário mínimo
A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) criticou a proposta de desvinculação do pagamento das aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) da política de aumento real do salário mínimo e defendeu que, se o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tiver de escolher, deve alterar o marco fiscal.
“Entre mexer na vinculação do salário mínimo e mudar o arcabouço, tem de mudar o arcabouço. Simples assim”, afirmou a presidente do PT (Partido dos Trabalhadores). As declarações foram dadas ao jornal Estado de S. Paulo.
Como mostrou o Poder360, a ideia de parte do time econômico é desindexar a valorização de alguns benefícios sociais e trabalhistas está no “cardápio” de opções pensadas pelo governo Lula para cortar gastos do Orçamento público.
Em 6 de junho, o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, defendeu a desindexação do salário mínimo do piso da Previdência Social e a desvinculação dos gastos da saúde e educação no Orçamento.
A proposta de mudança foi alvo de embate entre a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e a presidente do PT em maio.
Em entrevista ao Valor Econômico, Tebet disse avaliar a desvinculação dos benefícios da Previdência Social da política de valorização do salário mínimo. O governo Lula adotou uma correção do salário mínimo que garante um reajuste acima da inflação. A medida tem implicações para os gastos da Previdência Social, que, atrás do pagamento dos juros da dívida, é a principal despesa do governo.
AUTONOMIA DO BC
Ao Estadão, Gleisi também criticou a autonomia do BC e disse esperar que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que trata do tema, em tramitação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, não seja aprovada.
Segundo a congressista, Campos Neto, “quer livrar a instituição que ele preside do ajuste fiscal” e, com a medida, poderá “ganhar mais, gastar mais”.
“O arauto do fiscalismo, que impõe juros pesadíssimos ao Brasil, quer livrar a instituição que ele preside do ajuste fiscal. Se aprovada essa PEC, lá vão poder ganhar mais, gastar mais. E o resto do Orçamento como fica? Pode desvincular o salário mínimo da Previdência, cortar universidade que não tem problema? É uma contradição, um absurdo.”