Avaliação do 1º escalão de Lula é de que uma vitória de Kamala junto com o novo pacote de corte de gastos derrubaria o dólar
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viu a vitória do republicano Donald Trump nos Estados Unidos como um obstáculo no controle cambial do dólar, que intensificou sua alta com o resultado da eleição norte-americana. A avaliação é que com uma possível vitória da democrata Kamala Harris e um novo pacote de corte de gastos –que deve ser anunciado nesta semana– seria suficiente para conter a disparada da moeda dos EUA no país.
A análise brasileira é de que, ao menos a fase inicial deste novo mandato de Trump, trará mais imprevisibilidade sobre como o Brasil se colocará no cenário posto. Isto, somado à dificuldade em anunciar novos cortes de gastos públicos, deve seguir pressionando o dólar.
A moeda, que fechou em R$ 5,75 na 3ª feira (5.nov.2024), abriu em disparada com a confirmação da vitória de Trump na corrida eleitoral pela Presidência dos Estados Unidos. A moeda subiu para R$ 5,86 na máxima desta 4ª feira (6.nov). Às 10h19, estava cotada aos R$ 5,79, com alta de 0,77%.
A vitória de Trump provocou um aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA –os treasuries– diante da expectativa de que suas políticas mantenham as taxas de juros americanas em patamares elevados. A alta era esperada por analistas.
Segundo apurou o Poder360, a avaliação do governo é de que pouco no Executivo será afetado além do controle cambial. Lula já reconheceu a vitória de Trump e deve manter o contato diplomático padrão com o novo presidente norte-americano.
O petista fez publicação nas redes sociais nesta 4ª feira (6.nov) reconhecendo a vitória de Trump.
“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos”, declarou Lula em seu perfil no X (ex-Twitter). O petista também desejou sorte e sucesso ao novo governo do republicano.
Lula afirmou que a democracia é a “voz do povo” e deve ser sempre respeitada. “O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade”, disse.
O presidente brasileiro declarou na 6ª feira (1º.nov) que torcia por Kamala Harris no pleito. Segundo o petista, a vitória da democrata seria “mais segura” para fortalecer a democracia nos EUA.
A disparada do dólar já acontecia mais cedo contra todas as principais moedas asiáticas, quando a disputa entre o republicano e Harris ainda estava aberta. O fortalecimento do dólar foi impulsionado pela venda generalizada no mercado de títulos, enquanto operadores ajustavam as probabilidades.
Silêncio sobre cortes
Depois de 2 dias em silêncio sobre medidas de cortes de despesas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse acreditar que encerrou a rodada de reuniões com os ministérios envolvidos com as medidas de revisão de gastos públicos obrigatórios.
Na 2ª feira (4.nov), Haddad disse que o controle devia ser anunciado ainda nesta semana. Nesta 4ª feira (6.nov), afirmou que todos os ministros estão “conscientes” com a tarefa de reforço do marco fiscal, previsibilidade e sustentabilidade das finanças no médio e longo prazo.
“Vamos dar uma devolutiva assim que ele [Lula] for informado que o trabalho da Casa Civil, da Fazenda e do Planejamento está concluído. Daremos a devolutiva das impressões recebidas”, disse. “Penso que há um consenso em torno do princípio e, a partir dessa devolutiva o presidente encaminha o endereçamento para o Congresso”, afirmou.
Antes do envio, Haddad disse que, “possivelmente”, o presidente Lula irá se reunir com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).