Ministro declarou que pode não concordar sempre com o diagnóstico, mas que “cada um está no seu papel”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 3ª feira (7.jan.2025) que poderá não concordar sempre com o presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, mas que “cada um está no seu papel” e que não irá “julgar” as decisões autônomas do colegiado do Copom (Comitê de Política Monetária).
Em entrevista à GloboNews, o chefe da Fazenda respondeu a perguntas sobre as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à taxa básica, a Selic. O ministro declarou que Lula dialoga com todos do país, como empresas endividadas que irão sofrer com o aumento dos juros. Disse que busca “resolver o problema”.
“O Banco Central entendeu que, a luz dessa disfuncionalidade, tinha que dar uma resposta firme para questão de que a inflação não ia sair do controle […] Eu não vou julgar”, disse. “Isso não significa dizer que vamos concordar sempre com o diagnóstico e o que fazer, mas cada um está no seu papel”, afirmou.
Haddad disse que as decisões são “autônomas” e que o formato não irá mudar sob Galípolo.
A Selic deve subir para 15% ou mais em 2025, patamar que não atinge desde 2006. O juro base está em 12,25% ao ano, mas a autoridade monetária indicou que irá subir em mais 2 pontos percentuais.
O presidente do BC, Gabriel Galípolo, inicia pressionado o comando da autoridade monetária em 2025. Indicado pelo presidente Lula, ele terá à frente, pelo menos, mais 2 aumentos da taxa básica no início do ano. Não ficará imune a críticas do PT (Partido dos Trabalhadores).
ECONOMIA BRASILEIRA
Haddad disse que a economia brasileira cresceu 3,6% em 2024. Acelerou em relação ao ano anterior, quando o PIB (Produto Interno Bruto) avançou 3,2%.
As projeções mais recentes dos agentes financeiros indicam que a economia brasileira cresceu 3,49% no ano passado, segundo o Boletim Focus. Segundo Haddad, o PIB avançou 7% em 2 anos, a maior alta desde 2011, como já mostrou o Poder360.
CONTAS PÚBLICAS
Haddad disse também que deficit primário das contas públicas do governo federal ficará em 0,1% do PIB. Se confirmado, esse percentual estará abaixo do limite de tolerância de 0,25% do PIB estabelecido para o resultado pela lei que criou o marco fiscal.
O deficit primário é o cálculo do rombo nas contas públicas que não considera os gastos com juros da dívida federal. Para 2024, o Congresso Nacional também autorizou que ficassem fora das contas os gastos do governo Lula com as obras e ações para reconstrução do Rio Grande do Sul, atingido por enchentes.
“Vamos terminar 0,1%. A 2ª casa depois da vírgula pode variar em virtude de o PIB ser maior ou menor que o previsto”, disse o ministro.
O custo das ações com o Rio Grande do Sul, segundo Haddad, foi de 0,27% do PIB. Dessa forma, o deficit seria de 0,37% com a contabilização dessas despesas. Mas por causa da decisão de expurgar isso das contas federais, o percentual do rombo ficará em só em 0,1%.
AGENDA NO CONGRESSO
Haddad disse que o Congresso irá votar temas prioritários para a economia em 2025. O primeiro deles é o Ploa (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2025. Afirmou que a reforma tributária sobre a renda, que eleva para R$ 5.000 a faixa de isenção do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) será enviada após a votação do Orçamento.
Segundo o ministro, a lei dos supersalários do funcionalismo também deve ser votada. Outro tema é a mudança das regras de aposentadoria de militares.
HADDAD E GRUPO GLOBO
Esta é a 1ª entrevista de 2025 do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a GloboNews. Segundo levantamento do Poder360, ele falou 13 vezes com exclusividade a veículos do Grupo Globo desde o início da sua gestão –foram 7 entrevistas em 2023 e 6 em 2024.