Investimento de empresas no social estimula pequenos negócios

Na trilha do crescimento compartilhado com a população, Ambev impacta empreendedores com iniciativas de inclusão produtiva

Investimentos em atividades sociais fazem cada vez mais parte das estratégias das empresas brasileiras. A tendência pode ser vista na pesquisa Bisc (Benchmarking do Investimento Social Corporativo) 2023, da Comunitas. As companhias acompanhadas aportaram uma média de R$ 58 milhões em iniciativas do tipo em 2022, um aumento de 29,8% em relação ao ano anterior. Um dos caminhos é o investimento em projetos de inclusão produtiva, que passam por empregabilidade e empreendedorismo.

Atualmente, o social é entendido como uma das pontas da sustentabilidade da cadeia de valor do negócio e isso reflete no que as empresas almejam. Estudo da Amcham Brasil (American Chamber of Commerce), de 2023, mostra que 78% das organizações são motivadas pelo desejo de impactar positivamente o meio ambiente e as questões sociais, duas das pontas do ESG (ambiental, social e governança, da sigla em inglês).

“A prática do ESG só é efetiva quando os 3 pilares que compõem a sigla estão realmente conectados. A beleza do processo é trabalhar em temas ambientais, mas criando, ao mesmo tempo, inclusão social e oportunidades para as pessoas. No fim do dia, o desafio é conectar todas as pontas. Temos que olhar as estratégias de forma integrada”, disse a vice-presidente de Impacto e Relações Corporativas da Ambev, Carla Crippa.

Com 27,5% da população em situação de pobreza, conforme levantamento do IJSN (Instituto Jones dos Santos Neves) a partir da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem um campo vasto para iniciativas de cunho social por parte das companhias.

A necessidade de impulsionamento nesse sentido é a realidade, por exemplo, de quase 30% dos 15,6 milhões de MEIs (microempreendedores individuais) do país, que estão inscritos no CadÚnico (Cadastro Único), sistema que reúne beneficiários de programas sociais do governo. Neste grupo, 46,8% recebem Bolsa Família. O levantamento de 2023 é do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) com o MDS (Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome).

A busca pelo benefício social mostra que os donos de pequenos negócios têm um desafio em rentabilizar o trabalho. Ainda assim, a categoria tem peso na economia brasileira. Uma outra pesquisa do Sebrae, em parceria com a Fundação Getulio Vargas, divulgada em 2023, revelou que os MEIs movimentam até R$ 69,5 bilhões por ano na economia do país.

A representatividade dessa atividade profissional também chama a atenção. Os MEIs são responsáveis por 56,5% dos negócios ativos no país e representam 74,9% das empresas abertas no 1º quadrimestre de 2024, conforme o boletim Mapa de Empresas, do governo federal.

Diminuir esse gap de renda principalmente para os empreendedores que enfrentam dificuldade para iniciar, alavancar e crescer o negócio, passa por uma voluntária e estratégica aplicação de recursos privados, sejam financeiros, humanos, técnicos ou gerenciais para o benefício público.

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Inclusão produtiva

É nessa lacuna que atua a inclusão produtiva, que visa a inserir ou impulsionar pessoas em situação de vulnerabilidade econômica no mundo do trabalho, via empreendedorismo ou empregabilidade, segundo a Fundação Arymax, que apoia iniciativas desse tipo de ação social. O objetivo é que tenham renda digna, aumentando a qualidade de vida e contribuindo para a produtividade do país.

São projetos que ampliam o potencial de crescimento de pequenos empreendedores de zonas periféricas urbanas e formam pessoas com capacidades socioemocionais e técnicas para entrar e crescer no mundo do trabalho. Além de as conectar com oportunidades concretas.

“Inclusão produtiva é basicamente você colocar dentro do mercado essas pessoas de uma forma sustentável, no sentido de futuro”, afirmou Crippa.

A Ambev é uma das empresas que atua nesse propósito, com uma plataforma social que, desde 2022, já conseguiu impactar 586 mil pessoas no país, somando ações para empreendedorismo e empregabilidade. A projeção é incluir produtivamente 5 milhões de brasileiros até 2032.

São cerca de 40 iniciativas dentro do hub de inclusão produtiva, o Bora. Atualmente, são 20 parcerias com organizações sociais e entes governamentais por todo o Brasil, boa parte relacionada ao empreendedorismo.

Ao todo, até este ano, foram investidos R$ 20 milhões nos programas de inclusão produtiva. O impacto indireto de renda proporcionada a partir dos projetos é de R$ 620 milhões, segundo a Ambev.

A empresa começou a olhar mais fortemente para a questão social a partir da pandemia de covid-19, quando a companhia promoveu ações ligadas à saúde e ajuda humanitária. Crippa explica que foi um aprendizado e que também trouxe a certeza de que a capilaridade poderia ajudar a companhia na criação de mais projetos de impacto social.

“É uma estratégia de ajudar o país, mas que também se reverte para nós. Com uma população mais próspera e com mais renda disponível, isso acaba impactando positivamente empresas de bens de consumo como a nossa”, disse.

Roda de potencialidades

Nos projetos voltados aos negócios, são atendidos micro e pequenos empreendedores ligados ao ramo de atuação e à cadeia de valor da Ambev, principalmente de comércio de bebidas e alimentos.

O diretor de Impacto Positivo da Ambev, Carlos Pignatari, destaca que a empresa busca “dar mais tração à roda, para que gire mais rápido” oferecendo apoio e estímulo a essas pessoas.

Crippa e Pignatari explicam que a iniciativa da empresa é realizada com base nos 3 eixos de inclusão produtiva:

  • Qualificação e profissionalização: realização de cursos de treinamento, especialização e reciclagem, dicas de gestão e organização de grupos de discussão;
  • Empoderamento financeiro: oferta de microcrédito –espécie de financiamento a público restrito e de baixa renda, no caso de micro e pequenos empreendedores– para a compra de materiais. Também são disponibilizados bolsa de estudos ou incentivos em dinheiro; e
  • Conexão: união da cadeia de valor da Ambev, conectando trabalhadores a mais de 15.000 fornecedores e 1,5 milhão de bares e restaurantes, a fim de criar oportunidades de emprego ou ganho de renda para os empreendedores.

A divulgação para as comunidades e captação das pessoas contempladas é feita em parceria com instituições sociais e ONGs (organizações não governamentais) por todo o país. A qualificação desses profissionais também é fruto de colaborações com entidades como o Sebrae e a Rede Mulher Empreendedora.

Pignatari destaca que nas iniciativas também são trabalhadas as habilidades de vida, denominadas no mercado como “soft skills”, além da realização de mentorias. Mas ele pontua a importância do recebimento de certificados. “A partir do momento que a pessoa tem o diploma, ela consegue expandir o público dela, consegue precificar melhor, cobrar um pouco mais caro e aumentar a renda”, disse.

Já o empoderamento financeiro acontece de diferentes maneiras, a depender do programa. Além da concessão de microcrédito, há capital semente –modelo de financiamento para projetos de empreendimento em estágio inicial–, empréstimo e cashback por meio de pontos acumulados no Bees –plataforma onde revendedores Ambev compram os produtos e podem acessar alguns cursos.

Com o capital, o empreendedor pode adquirir produtos e insumos, se estabilizar e dar um novo passo em busca da autonomia profissional e financeira.

No eixo da conexão, por fim, são “ligadas as pontas”, explica Crippa. “Você vai conectar uma mulher empreendedora que faz sobremesa a um bar que compra e vende produtos da Ambev e que pode vender uma sobremesa para o consumidor. Ou, no caso de empregabilidade, vou conectar alguém que treinamos para ser garçom com um bar desses”, afirmou.

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Dentre os parceiros da Ambev para “fazer a roda girar” está a plataforma diversidade.io, fundada por Marcelo Arruda. O sistema aproxima empreendedores negros a grandes empresas e foi selecionado para fazer parte de iniciativas de inclusão produtiva da companhia.

Ele explica que para pequenos empreendedores há uma “inércia” no que diz respeito a crescimento. “Vira um paradigma: você não cresce porque não tem dinheiro, e você não tem dinheiro porque não cresce. O Bora cria condições tanto de conhecimento quanto de acesso de atendimento à Ambev, além da possibilidade de compartilhar boas práticas para que esse empreendedor entenda que não está sozinho, que tem sim a oportunidade de aumentar o conhecimento e pode sonhar mais alto. Porque existem empresas que entendem que não é simples empreender no Brasil”, disse Arruda.

O fundador da diversidade.io ressalta que é difícil empreender no Brasil porque, dentre outras coisas, não há uma cultura de incentivo a isso e os órgãos e bancos que deveriam dar apoio, muitas vezes, têm uma linguagem e processos engessados, de difícil acesso.

Mulheres negras

Os dados do levantamento do Sebrae com o MDS mostram que as mulheres (54,6%) são o perfil de pequenos empreendedores mais dependentes de programas sociais. Também apontam que, no recorte de raça, os MEIs não brancos (63,1%) são a maioria.

Essa realidade se refletiu nas atividades da Ambev, que busca incluir parcerias que tenham foco nesse público, tanto para empreendedorismo quanto para empregabilidade. “Embora a nossa plataforma não seja exclusiva para mulheres negras, esse grupo já é maioria dentre os participantes do Bora. Os dados do último levantamento que fizemos mostram que 84% dos participantes são mulheres e 69% são mulheres negras”, afirmou Pignatari.

Dentre as iniciativas da empresa nesse sentido, está o Bora Empreender com Comida, realizado em Pernambuco e Maranhão. A ação, feita em conjunto com a Rede Mulher Empreendedora, envolve o incentivo a empreendimentos de gastronomia tradicional, liderados por mulheres negras de periferia nos 2 Estados.

A plataforma também oferece o Bora Cozinhar, que forma mulheres do Paraná para empreenderem no setor de alimentos, em parceria com o governo. Há ainda o Bora Empreender Piraí, no Rio de Janeiro, que apoia o empreendedorismo em parceria com a ONG Anjos da Tia Stellinha, para mulheres de baixa renda e maiores de 18 anos.

Mais empregos formais

Os 3 eixos –qualificação ou profissionalização, empoderamento financeiro e conexão– também são aplicados nos programas que buscam incentivar a empregabilidade formal. São oferecidos cursos de formação, bolsas de estudo, além da criação de um link de aproximação entre os fornecedores e parceiros da Ambev e as pessoas que estão em busca de trabalho.

Pignatari pontua que toda a atuação é desenvolvida para se adaptar à realidade de cada local em que é implementada, de acordo com as demandas da comunidade. Ele destaca que, independente da modalidade, os projetos são capazes de impulsionar os ganhos do público atendido.

“O impacto é medido em como a gente consegue criar renda para essas pessoas. Vemos que as pessoas que participam do Bora têm 24% mais chance de terem uma ocupação do que as pessoas que não participam”, disse, citando dado de levantamento de impacto social do Bora feito pela Oppen Social a pedido da Ambev.

No âmbito da empregabilidade está, por exemplo, o Bora Empregar, que forma profissionais e conecta pontos de venda da Ambev e fornecedores a pessoas em busca de emprego.

Pignatari cita também o Bora Zé, que prepara entregadores e seus familiares para trabalhar em diferentes áreas de atuação. Um desses caminhos é a formação em cursos de tecnologia e desenvolvimento, para depois conectá-los a empregadores. Segundo o diretor de Impacto Positivo da Ambev, cerca de 500 pessoas já participaram do projeto.

“Todos os contratados depois de participarem do Bora Zé não foram demitidos ou pediram demissão. Temos 0% de turnover (taxa de rotatividade de pessoal). Muitos têm aumento de remuneração de até 24% depois que entram no programa.”

Catadores e ambulantes

A empresa também tem no seu portfólio o Bora Ambulantes e o Bora Catadores, que dão auxílios para o ecossistema de profissionais que atuam no comércio de rua e na coleta de resíduos durante os dias de festejo pelo país, como o carnaval. O apoio se dá por meio de treinamento, fornecimento de EPIs (equipamentos de proteção individual), cursos de preparação e de desenvolvimento social e até incentivos financeiros.

“A ação com foco nos catadores tem total ligação com a importância de interligar os pilares do ESG. A iniciativa engloba uma questão social forte, de apoio a eles, mas também tem o pilar ambiental, que é de extrema relevância, através de uma economia circular, de reciclagem de embalagens”, afirmou Crippa.

Ela ressalta que 100% da Diretoria Executiva da Ambev, incluindo o presidente, Jean Jereissati, têm metas de remuneração atreladas a fatores de sustentabilidade e inclusão produtiva.

O amadurecimento da visão sobre crescimento compartilhado com a sociedade e a cadeia de valor da empresa também traz benefícios para o ambiente interno, segundo Crippa. Ajuda a criar um engajamento maior não só entre as equipes, mas também para os consumidores da marca.

“Queremos dar a mão e crescer junto. Ter um olhar mais amplo para atender às necessidades de quem está dentro do nosso ecossistema. Não adianta a Ambev se preocupar só com o seu resultado, temos que fazer com que toda cadeia seja próspera e cresça junto”, disse Crippa.


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Fonte: Poder 360

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