Centenas de juízes aderiram a uma greve de trabalhadores do poder Judiciário do México nesta quarta-feira (21), em protesto contra uma controversa reforma constitucional com a qual o partido de esquerda no poder busca elegê-los por voto popular.
Juízes e magistrados reunidos em uma associação exigiram em comunicado que os legisladores pró-governo interrompessem a discussão da reforma “dadas as suas muitas imperfeições”.
“A iniciativa mencionada contraria ao extremo os princípios que regem uma república democrática, representativa e federativa”, afirmou a Associação Nacional dos Magistrados de Circuito e Juízes Distritais do Poder Judiciário da Federação.
O grupo acrescentou que durante a paralisação dos trabalhos não serão realizadas nem ordenadas “audiências ou atos processuais com partes, terceiros ou autoridades”.
No entanto, explicou que serão atendidos vários assuntos urgentes, como decisões sobre violência doméstica. A greve não inclui membros do Supremo Tribunal de Justiça ou do Tribunal Eleitoral da Federação.
Na segunda-feira, centenas de trabalhadores do poder Judiciário fecharam os seus escritórios em vários estados do país ao denunciarem que as mudanças propostas ao Congresso pelo presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, violam os seus direitos trabalhistas.
Segundo os servidores, o texto que o Legislativo discutirá elimina a chamada “carreira judicial”, uma vez que as promoções seriam substituídas pela eleição para acesso ao cargo de juiz federal. Também alertam para a eliminação dos benefícios trabalhistas.
López Obrador alega que a reforma visa sanear o setor, que segundo ele é assolado pela corrupção e pelo privilégio, além de servir a interesses privados.
Na terça-feira, o presidente minimizou a paralisação do trabalho ao apontar que “a maioria dos mexicanos não vai se importar”.
“Vai até nos ajudar porque se não houver juízes, não houver magistrados, não houver ministros no ativo, teremos pelo menos a garantia de que não vão libertar os criminosos do crime organizado”, disse em sua habitual coletiva de imprensa.
A reforma poderá ter um caminho claro se a autoridade eleitoral confirmar que o partido no poder terá a maioria absoluta necessária para modificar a Constituição a partir de dia 1º de setembro, quando começa uma nova legislatura.