O cenário é ainda mais desafiador por causa dos juros elevados, com expectativa de que a Selic termine 2025 em até 15% ao ano.
Durante o último leilão deste ano, Renan Filho disse que o governo deverá revisar a TIR (taxa interna de retorno), indicador usado para avaliar o percentual de retorno esperado pelos investidores ao longo do período de concessão.
Além disso, juros altos aumentam tanto o custo do capital de terceiros (empréstimos e financiamentos) quanto o do capital próprio (retorno esperado pelos acionistas), elevando o custo total do capital.
“A demanda por recursos direcionados de BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e de outros bancos aumenta drasticamente quando isso acontece, mas os bancos de fomento não têm recursos ilimitados”, afirma Ecio Costa, economista e professor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
No entanto, esse não é o único fator determinante. Se os investidores acreditarem que o ciclo de alta dos juros é temporário, o impacto pode ser limitado. A principal preocupação está no risco fiscal, que pode elevar ainda mais as taxas de juros de longo prazo.
“A causa da atual pressão nas taxas de juros é a percepção crescente sobre o risco fiscal e, em não sendo endereçado adequadamente, pode gerar a percepção de que as taxas de juros de longo prazo serão maiores do que as praticadas atualmente”, diz o economista Helcio Takeda, da Pezco Economics.
“A percepção sobre o nível da taxa de câmbio e sobre a taxa de crescimento potencial da economia são mais importantes, dado que o câmbio tem efeitos sobre os custos operacionais e de investimento e o crescimento, sobre a demanda […] estas duas variáveis também são influenciadas pela percepção de risco fiscal”, declara Takeda.
Essa é a preocupação de Renan Filho, que pediu para que o Congresso aprovasse o pacote de corte de gastos. “Para que colaborem no sentido de ajustar contas, garantir segurança ao mercado, estancar esse processo de incerteza elevada que desestabiliza o preço da moeda, eleva dólar, tira previsibilidade do país e dificulta investimento de longo prazo”, disse.
PORTOS E AEROPORTOS
Os grandes destaques do ministério comandado por Silvio Costa Filho para 2025 são o terminal STS10, em Santos (SP), e o Porto de Paranaguá, no Paraná.
O novo terminal no Estado de São Paulo ocupará 601 mil m2. A concessão é esperada a bastante tempo pelo setor logístico, que aposta na capacidade da instalação em aliviar a sobrecarga de contêineres no porto, que atualmente opera com 90% de sua capacidade total.
Já o porto paranaense será palco da 1ª concessão de um canal de acesso portuário. Paranaguá lidera a movimentação do complexo soja (grãos, farelo e óleo), além de ser a principal porta da entrada de fertilizantes do Brasil.
No modal aéreo, as autoridades concederam os principais aeroportos nos últimos anos. Dos grandes, existe só o de Santos Dumont.
Atualmente, o ministério trabalha em um processo competitivo simplificado, já aprovado pelo TCU (Tribunal de Contas da União), para que as concessionárias que administram os terminais pelo país possam fazer a gestão de aeroportos regionais.
Nessa 1ª etapa, ainda por realizar, o plano estima 51 aeroportos localizados nas regiões Nordeste e Norte.