Lessa diz que monitorava Chico Alencar e filha de Freixo

Marcelo Freixo

Renato Cinco, ex-vereador do Psol, também seria um dos vigiados pelo assassino de Marielle; Lessa depõe no 2º dia de audiências do STF

O ex-policial militar e assassino confesso da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) Ronnie Lessa disse nesta 5ª feira (29.ago.2024) ter feito pesquisas sobre a filha do ex-deputado federal Marcelo Freixo (PT), Isadora Freixo, sobre o deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ) e o ex-vereador Renato Cinco (Psol). 

O plano, segundo o ex-PM, era atingir o Psol. O alvo inicial seria Freixo, enquanto ele ainda era filiado ao partido. Marielle só teria se tornado alvo depois de se mostrar uma “pedra no caminho” e alvo mais fácil pelo grau de exposição, de acordo com Lessa. 

Lessa deu a declaração ao ser questionado por Márcio Gesteira, advogado do conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) Domingos Brazão, acusado de ser mandante do crime, a respeito dos levantamentos pedidos a ele sobre integrantes do partido que seriam alvo da ação criminosa. 

O ex-PM ter monitorado o então deputado Jean Wyllys. Também disse não se lembrar se havia feito buscas sobre o deputado federal e candidato a prefeito do Rio Tarcísio Motta (Psol-RJ). As pesquisas seriam levantamentos de dados pessoais, como o endereço residencial.

Sobre Renato Cinco, disse que “nunca foi falado para matar, mas sempre pediam levantamentos” sobre o ex-vereador. Ele teria pesquisado também, segundo relatório do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) citado por advogado, as frases “morte ao Psol” e “morte ao Marcelo Freixo”.

Segundo um relatório da PF, Freixo, quando era deputado estadual pelo Psol, mostrou a atuação do sargento reformado da Polícia Militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, em milícia na área de influência política dos irmãos Brazão.

“No final de 2016, ele [Macalé] me fala que tínhamos uma empreitada que ficaríamos milionários. No início de 2017, ele me trouxe a novidade: Marcelo Freixo”, afirmou.

Macalé teria sido o responsável por intermediar o assassinato da vereadora com Ronnie Lessa. O sargento também teria participado de “todas” as vigilâncias de Marielle feitas pelos envolvidos no crime. Macalé foi morto a tiros em 2021 na avenida Santa Cruz, em Bangu, na zona oeste do Rio.


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Depoimentos de Lessa 

Na 3ª feira (27.ago), na 4ª feira (28.ago) e nesta 5ª feira, Ronnie Lessa falou ao STF na condição de testemunha. Respondeu a perguntas do representante da PGR (Procuradoria Geral da República), Olavo Evangelista Pezzotti, e das defesas dos demais réus no caso. São eles:

  • irmãos Domingos e Chiquinho Brazão (deputado federal, sem partido-RJ);
  • Rivaldo Barbosa, delegado e ex-chefe da Polícia Civil;
  • Robson Calixto Fonseca, o “Peixe”, policial militar;
  • Ronald Paulo Alves Pereira, major.

No 1º depoimento de Lessa, a defesa pediu que os réus não estivessem presentes. O pedido foi acatado pelo juiz Airton Vieira.

As audiências começaram em 12 de agosto de 2024, quando depôs a ex-assessora da vereadora, a jornalista Fernanda Chaves. Já foram ouvidas 9 testemunhas.

O caso no STF está em fase de instrução e julgamento. A 1ª Turma do Tribunal decidiu, por unanimidade, em junho de 2024, tornar réus os irmãos Brazão e o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa.

Depois do depoimento de Lessa, será ouvido também outro réu colaborador, o ex-policial militar Élcio Queiroz.

Élcio firmou delação premiada em julho de 2023, quando confessou a sua participação na morte da vereadora e do motorista Anderson Gomes em 2018. Além disso, delatou Lessa como executor do crime. 

Réus presos

Lessa foi preso em 2019, com o ex-policial Élcio de Queiroz, por duplo homicídio. Os irmãos Domingos Brazão estão presos desde 24 de março de 2024, assim como o delegado Rivaldo Barbosa.

O congressista está no presídio federal de Campo Grande e o conselheiro, na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO). O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro está na Penitenciária Federal de Brasília.

Lessa esteve detido no presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Foi transferido para o presídio de Tremembé (SP) em junho de 2024.


Este texto foi produzido pela estagiária de jornalismo Bruna Aragão sob supervisão da editora-assistente Isadora Albernaz.

Fonte: Poder 360

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