Evento contou com a participação de Esther Dweck e Anielle Franco, além da ex-presidente Dilma Rousseff e do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante
Ministros e líderes indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fizeram uma forte defesa à presença do Estado para lidar com os desafios emergentes do século 21. As falas foram durante o States of the Future, evento paralelo do G20 Brasil 2024, na manhã desta 2ª feira (22.jul.2024).
A cerimônia de abertura contou com a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck; a presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff; a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o Presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante.
Assista (3h31min16s):
Ao citar investimentos do banco de fomento estatal na infraestrutura do país e no desenvolvimento sustentável da população, Mercandante disse que a construção de um “novo futuro” não ser feita com um “Estado mínimo”. Afirmou ainda ser necessário “construir inovação financeira” para lidar com os desafios orçamentários do país.
“O orçamento publico está pressionado pela relação dívida PIB, pela taxa de juros, que acho que é um ponto fora da curva, e temos que buscar construir inovação financeira para poder dar conta”, disse.
Na sequência, Dweck afirmou que “o Estado voltou à moda” e que a retórica anti-Estado é muitas vezes articulada a ataques à democracia.
“Estamos valorizando a força motriz do Estado brasileiro que é o seu corpo de funcionários. O Estado do futuro que queremos deve ser digital, inclusivo, protegendo direitos e reduzindo desigualdades entre pessoas e entre países, em todas as suas dimensões, ser sustentável, feminista, antirracista, anti-homofóbico, anticapacitista e que enfrenta todas as formas de discriminação”, disse.
Em seguida, Anielle Franco afirmou que o desenvolvimento sustentável só é possível com “a eliminação de todas as formas de violência”.
“O Estado do futuro tem que ser o Estado onde ninguém mais esteja passando fome, onde a cor da pele não seja determinante se a pessoa viverá e terá acesso à educação. A luta contra a desigualdade deve ser vista como prioridade de maneira transversal. Enquanto houver racismo ou qualquer tipo de desigualdade, não poderemos falar de desenvolvimento sustentável”, disse.
Já Dilma reiterou as críticas de Mercadante às políticas monetárias e defendeu que “o peso da dívida pública nos países em desenvolvimento representam um obstáculo para o investimento, uma vez que as dívidas crescem de forma excessiva e rápida”, afirmou.
“As condições globais de financiamento, além de reduzidas, são proibitivas, devido aos riscos cambiais e as taxas de juros elevadas praticadas nas economias centrais, que colocam em risco a estabilidade financeira. O espaço fiscal é crucial para garantir os recursos necessários para que os governos possam investir simultaneamente em ações de desenvolvimento e em combate às mudanças climáticas”, disse.