pandemia de saúde mental
Pobres são os mais afetados e têm três vezes mais riscos de enfrentar problemas de saúde mental
Foto: FreePik
A obsessão por riqueza está causando ansiedade e depressão na chamada “pandemia de saúde mental” que afeta desproporcionalmente as pessoas mais pobres. A conclusão é do relator especial da ONU sobre Pobreza e Direitos Humanos, autor do relatório “Economia do Burnout: Pobreza e Saúde Mental”.
Para Olivier De Schutter, a busca desenfreada pelo aumento do Produto Interno Bruto, PIB, gera escolhas políticas que tornam as sociedades mais desiguais.
Ele disse que essa lógica também é nociva aos trabalhadores, que sofrem cada vez mais com ansiedade e depressão. Segundo o especialista, “as desigualdades estão enlouquecendo as pessoas”, pois causam a chamada “ansiedade por status”. “Quanto mais desigual é uma sociedade, mais as pessoas da classe média temem cair na pobreza e com isso desenvolvem quadros de estresse, depressão e ansiedade“, diz Olivier.
O relator defende que é preciso “parar de pensar que o crescimento econômico, aumentando o PIB, é a varinha mágica que resolverá o problema da pobreza”. Para ele, a busca por este crescimento está “aumentando o fosso entre ricos e pobres”, resultando em problemas de saúde e no medo de ficar para trás.
Sobre a precarização do trabalho, De Schutter afirma que o fator de risco mais importante hoje é “uma economia que funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, na qual os trabalhadores devem estar basicamente disponíveis sob demanda”.
Essa lógica resulta em horários muito variáveis de trabalho, o que torna muito difícil manter um equilíbrio adequado entre a vida familiar e a vida profissional. Segundo ele, essa incerteza constante sobre os horários e a carga de trabalho, representa uma “grande fonte de depressão e ansiedade”.
O relator especial afirmou que essa realidade afeta especialmente os trabalhadores de aplicativos e plataformas digitais, mas adicionou que o fenômeno se estende a muitas indústrias no mundo.
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