Deputada federal disse que pedir para “dar uma força” a Bolsonaro não implicava a “ilegalidade” relatada pelo ex-chefe da Aeronáutica em depoimento à PF
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) negou ter pedido alguma “ilegalidade” quando conversou com o brigadeiro Carlos Baptista Júnior, comandante da Aeronáutica em dezembro de 2022. Segundo a deputada, ela solicitou “acolhimento” ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdera as eleições meses antes.
O militar disse em depoimento à PF (Polícia Federal) que a congressista o abordou depois da formatura de aspirantes a oficial da FAB (Força Aérea Brasileira), em Pirassununga, no interior de São Paulo. Segundo Baptista Júnior, Zambelli disse que o brigadeiro não poderia “deixar o presidente Bolsonaro na mão“, em alusão a intentona golpista.
Zambelli disse ao Poder360 que não se recorda completamente do episódio, mas que se houve o pedido, teria sido no sentido de pedir “acolhimento” para Bolsonaro. “Dizer ‘para não deixar uma pessoa na mão’ é uma ilegalidade?”, questinou.
Segundo o depoimento colhido pela PF –e cujo conteúdo foi tornado público pelo ministro Alexandre de Moraes–, Baptista Júnior respondeu: “Deputada, entendi o que a senhora está falando e não admito que a senhora proponha qualquer ilegalidade”.
“Se ele tivesse me respondido isso, tera acendido um farol na minha cabeça e eu teria respondido à altura, porque eu não estava pedindo nada ilegal. Agora, estranho é ele achar que dar uma força a alguém é algo ilegal. Não abandonar alguém. Dar força a alguém que acabou de perder a eleição. Se isso é ilegal, talvez na cabeça dele ele já estivesse cometendo uma ilegalidade“, declarou Carla Zambelli.
Segundo a PF, o plano para manter Bolsonaro na Presidência não foi concretizado depois de Batista Júnior e o então comandante do Exército, Freire Gomes, não terem aderido à tentativa golpista.
A postura do militar teria o tornado alvo de críticas de integrantes do então governo –dentre eles, o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro. O general teria se referido a Baptista Júnior como “melancia” –expressão para um militar de orientação de esquerda, por ser “verde por fora” e “vermelho por dentro”– e “traidor da pátria”.