Assessor especial para política externa do Planalto diz que Lula está “sendo informado ao longo do dia” sobre o pleito
O assessor especial para política externa do Palácio do Planalto, Celso Amorim, disse na noite deste domingo (28.jul.2024) esperar que “todos os candidatos” à Presidência da Venezuela respeitem o resultado das eleições deste domingo (28.jul.2024).
O diplomata viajou na 6ª feira (26.jul) o país sul-americano para acompanhar a votação. Foi enviado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Estou acompanhando de perto o processo eleitoral venezuelano. Ainda há mesas de votação abertas. É motivo de satisfação que a jornada tenha transcorrido com tranquilidade, sem incidentes de monta. Houve participação expressiva do eleitorado”, declarou o diplomata em comunicado enviado à imprensa.
Segundo Amorim, Lula está “sendo informado ao longo do dia” da apuração dos resultados.
“Estou em contato com diferentes forças políticas e analistas eleitorais, além de membros da equipe de observadores do Centro Carter e do Painel de Especialistas da ONU (Organização das Nações Unidas)”, disse o assessor.
ATRITO ENTRE LULA E MADURO
A ida de Celso Amorim à Venezuela se dá durante uma tensão entres os presidentes Lula e Nicolás Maduro (Partido Socialista Unidos da Venezuela, esquerda).
Na 2ª feira (22.jul), o petista disse ter ficado “assustado” com a fala do venezuelano sobre possível “banho de sangue” e “guerra civil” caso perca o pleito.
A declaração foi respondida por Maduro. “Eu não disse mentiras. Só fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila”, declarou em comício na cidade de San Carlos, na 3ª feira (23.jul), sem citar diretamente o presidente brasileiro.
Ainda, afirmou que o sistema de votos do Brasil é “inauditável”. Segundo ele, a Venezuela tem “o melhor sistema eleitoral do mundo”, com 16 auditorias. “Onde mais no mundo se faz isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral é inauditável. No Brasil? Eles não auditam um único registro”, disse.
A declaração levou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a cancelar a ida de 2 observadores para acompanhar a eleição presidencial da Venezuela.
VOTAÇÃO
Sob críticas da comunidade internacional sobre suposta interferência de Maduro no pleito, os venezuelanos votaram para decidir o presidente que irá governar o país pelos próximos 6 anos.
O atual presidente, que está no poder desde 2013, concorre ao 3º mandato. O principal adversário dele é Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita).
As urnas de votação abriram às 7h (horário de Brasília) e fecharam às 19h. Ao todo, 21,4 milhões de venezuelanos estavam aptos a votar. Destes, 4 milhões estão fora do país. O voto é facultativo, ou seja, não é obrigatório. Não há 2º turno.
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