Quando o Hamas atacou Israel no dia 7 de outubro do ano passado, deixando 1,2 mil mortos e fazendo cerca de 250 reféns, o governo de Benjamin Netanyahu prometeu revidar o ataque e apontou como alvo principal uma figura-chave do conflito: Yahya Sinwar, o líder do Hamas.
Sinwar, ao que tudo indica, foi morto na última quarta-feira 16. O Exército israelense afirma ter matado o homem considerado o mentor intelectual do 7 de Outubro, logo após um confronto no sul da Faixa de Gaza.
A rádio oficial dos militares israelenses se limitou a dizer, nesta quinta-feira 17, que Yahya Sinwar havia sido “eliminado”. Uma mensagem no mesmo tom foi divulgada pela Corporação Israelita de Radiodifusão Pública, conhecida como Kan, que é estatal. O Hamas, porém, ainda não se pronunciou sobre a suposta morte.
Sinwar, palestino de 62 anos, já ocupava a lista de personalidades mais importantes do Hamas há um tempo, mas ganhou ainda mais força depois da morte do ex-presidente político do grupo, Ismail Haniya, no último mês de julho. Foi quando se apontou a chance de Sinwar se tornar o líder político do grupo.
Poucas pessoas conheciam tão bem os méritos e os eventuais pontos fracos das forças de Israel. Resultado do fato de ter passado 22 anos presos em território israelense. Ele foi preso pela primeira vez em 1982 por atividades subversivas, mas saiu da prisão em pouco tempo. Foi nessa oportunidade que Sinwar criou um grupo que ficou conhecido como Majd (Munazzamat al Jihad wál-Dawa), que servia para identificar espiões israelenses na Palestina.
Anos depois, ele não pôde escapar da condenação após ter planejado o sequestro e o assassinato de dois soldados israelenses e de palestinos que contribuíam para Israel. Por conta disso, foi condenado à prisão perpétua em 1989. Saiu da prisão em 2011, depois de uma complexa troca de prisioneiros feita por Israel e o Hamas.
Os anos se passaram e o poder político de Sinwar foi se intensificando no interior do Hamas. Assim, em 2017, ele foi escolhido como o novo líder do grupo na Faixa de Gaza. A subida ao cargo marcou uma nova fase das relações com Israel, fazendo do Hamas um grupo mais propenso ao enfrentamento direto com as forças israelenses.
As suspeitas sobre a morte dele não são exatamente novas. Em 2021, quando Israel promoveu um ataque aéreo que atingiu a sua casa, Sinwar foi a público e desafiou as forças israelenses a matá-lo em seguida. Nada, porém, aconteceu.
A posição de Sinwar no conflito era estratégica, uma vez que, na prática, era ele que determinava o avanço ou não das negociações sobre libertação de reféns. Para Israel, a morte da liderança máxima do Hamas na Faixa de Gaza pode vir a ser o trunfo necessário para se declarar vencedor da guerra.