O livro infantil Amoras, do cantor Emicida, foi alvo de intolerância religiosa. Na ocasião, a mãe de um estudante de uma escola de Salvador (BA) escreveu salmos bíblicos em diversas páginas da obra e afirmou que as informações sobre orixás disponíveis nela são “falsas”.
Em uma das contestações, a mãe do aluno diz que a “informação verídica sobre a raça humana está escrita no livro de gênesis”. Na ocasião, o livro do rapper aponta que os primeiros seres humanos viviam na África – hipótese que conta com as evidências científicas mais contundentes. Na sequência, a vândala aponta que isso é “fake”.
Amoras é um livro indicado para crianças com cinco anos de idade e conta a história de uma menina negra que está aprendendo a se reconhecer no mundo. Em conversas com seu pai, ela tem acesso a conhecimentos ligados às culturas e religiões diferentes, além de ser apresentada a grandes ícones das lutas dos povos negros, como Zumbi, Martin Luther King e Malcolm X.
O caso é classificado como racismo religioso pela advogada criminalista e Conselheira Seccional da Ordem de Advogados do Brasil (OAB) da Bahia, Dandara Amazzi Lucas Pinho.
Segundo o rapper, “Eu confesso pra vocês, que as minhas reações com relação a isso já foram várias. No começo, um pouco mais imaturo, fiquei com raiva, levei pro pessoal. Mas era maior que uma questão pessoal, então depois eu fiquei triste. Porque é de entristecer viver entre radicais, que se propõe a proibir e vandalizar livros infantis. Livros. Sobretudo um tão inofensivo como esse: Amoras. Quer dizer, inofensivos pros não-racistas”.