Reduzir desigualdade de cor aumentaria PIB, dizem especialistas

O Brasil poderia ter economia 30% maior se fosse menos desigual e se os negros, que representam 52% da população, tivessem as mesmas oportunidades das pessoas brancas, como estudar por mais anos, ocupar melhores postos de trabalho, dispor de crédito para empreender e viver sob melhores condições materiais.

O diagnóstico é compartilhado por pesquisadores, ativistas, representantes de organismo internacional, técnicos e dirigentes do governo que participaram de seminário “Empoderamento Econômico da População Afrodescendente”, realizado na 2ª feira (9.set.2024) na sede do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em Brasília.

Segundo a presidente do instituto, Luciana Mendes Santos Servo, fazer o empoderamento econômico da população negra “não é uma opção, é uma necessidade”, porque, caso contrário, o Brasil não se tornará um país desenvolvido.

Se não fizermos efetivo investimento para que essa população se veja como possibilidade de futuro, não vamos gerar o desenvolvimento que a gente precisa. Não vai gerar aumento de produtividade, não vai gerar ganho de produto interno bruto”, declarou.

José Henriques Júnior, economista do Ministério da Fazenda e coordenador da Trilha de Finanças do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), afirmou que “sem resolver o problema racial”, no país não realizará seu “imenso potencial econômico”. Segundo ele, bancos multilaterais e de fomento, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), “têm papel de alavancar políticas públicas”.

A diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, disse considerar a desigualdade que exclui boa parte da população negra “um obstáculo ao crescimento do país”. Segundo ela, a questão vai além da reparação histórica.

“Se o Brasil não superar a brutal desigualdade, nós não vamos conseguir transformar a própria economia”, declarou. “Do ponto de vista do consumo, estamos perdendo a possibilidade de melhorar nosso mercado interno. Do ponto de vista das capacidades e das potencialidades, do que estamos deixando de contar com a inovação, com capacidade de trabalho, com capacidade de criação, temos uma perda violenta”, disse.

Perda de consumo

Na análise de Ana Carolina Querino, representante adjunta da ONU (Organização das Nações Unidas) Mulheres no Brasil, desigualdade e exclusão atrapalham o capitalismo no Brasil. “Como pensar o capitalismo a partir dos seus princípios do ganho, se você não olha para quem pode gerar esse ganho, quem pode consumir a partir desse ganho?”, perguntou.

Carolina Almeida, assessora internacional da ONG Geledés – Instituto da Mulher Negra disse que o racismo institucional no Brasil funciona como “estratégia de exploração” que “favorece e privilegia alguns e retira vantagens de outra parte da população”.

De acordo com ela, é preciso pensar em políticas públicas de criação de renda. “Nós não queremos um empreendedorismo de sobrevivência, que já acontece, não queremos um empreendedorismo que venha de uma situação de precariedade e que sirva para que a pessoa empreendedora se mantenha por um mês. Nós queremos um empreendedorismo sustentável, nós queremos também um desenvolvimento sustentável”, declarou.


Com informações da Agência Brasil.

Fonte: Poder 360

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