Indicado por Lula foi aprovado de forma unânime na CAE; ele substituirá Roberto Campos Neto se avançar no plenário
Senadores de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elogiaram o diretor de Política Monetária do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, 42 anos, durante sabatina nesta 3ª feira (8.out.2024). O economista foi indicado pelo governo para substituir o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Galípolo participou nesta 3ª feira (8.out.2024) de sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado. Ele foi aprovado por unanimidade. Essa foi a 2ª sabatina que Galípolo realizou na comissão. Em 4 de julho de 2023, passou pela CAE para ser diretor do BC. Leia aqui o que ele disse na época. O Senado nunca rejeitou indicado à presidência do Banco Central.
Assista:
Galípolo recebeu mensagens de “parabéns” e “boa sorte” antes de aprovação na comissão. Os senadores da oposição demonstraram maior admiração pelo diretor do Banco Central do que os congressistas ligados ao governo Lula. O senador Espiridião Amim (PP-SC) fez sugestões para ele manter “calma na pressão”, que é uma citação de um livro do ex-presidente do BC Henrique Meirelles. O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) leu trechos do livro.
Leia abaixo o que foi dito pelos senadores:
- Hiran (PP-RR) – “Eu queria fazer uma referência à visita do senhor Gabriel Galípolo ao nosso gabinete. Foi uma conversa muito proveitosa. É um homem muito inteligente e preparado […] Parabéns pela sua participação aqui”;
- Rosana Martinelli (PL-MT) – “Quero parabenizar o senhor Gabriel pela indicação. Nós temos a certeza que o senhor está qualificado e nós acreditamos que realmente o senhor vai fazer o melhor para o Brasil”;
- André Amaral (União Brasil-PB) – “Estamos hoje, nesse momento histórico que estamos vivendo, para discutir um tema de extrema relevância para a economia do nosso país: a indicação do economista, jovem e competente, Gabriel Galípolo”;
- Tereza Cristina (PP-MS) – “Gostaria de desejar muito sucesso ao senhor caso tenha seu nome aprovado hoje pelo plenário do Senado Federal, pois a missão de comandar o Banco Central do Brasil é muito importante”;
- Teresa Leitão (PT-PE) – “Eu concordo com os companheiros senadores que já falaram da sua competência, da sua história e trajetória muito ligada ao setor que hoje culmina com essa indicação para a presidência do Banco Central que espero que seja exitosa”;
- Soraya Thronicke (Podemos-MS) – “Lhe desejo voos altos, seguros e de grande sucesso, com pousos e decolagens seguras. Obrigado, boa sorte. Conte comigo”;
- Bia Kicis (PL-DF) – “Eu fico aqui olhando a sua simpatia e lamentando que o senhor vai ser presidente do Banco Central num governo de esquerda. Que Deus lhe dê muita sabedoria e discernimento neste momento […] Foi uma alegria te conhecer pessoalmente”;
- Espiridião Amim (PP-SC) – “Eu não li o livro ainda, mas recebi um livro de presente do Henrique Meirelles. Achei muito interessante o título do livro ‘Calma na pressão’. Ou seja, evite apertar o botão de pânico. Vai fazer muito mal ao senhor e a nós”.
- Sergio Moro (União-PR) – “Cumprimento o senhor Galípolo. Parabenizo pela indicação”, disse; “Essas críticas não são dirigidas a vossa senhoria. São dirigidas ao governo. Nós conversamos ontem vossa senhoria mencionou a sua intenção de ser independente, o que significa dizer não ao presidente Lula”, declarou; “Rogo a vossa senhoria que mantenha a mesma linha de independência que precisará ser firme para conduzir a política monetária do Brasil sem ceder ao canto da seria do crescimento rápido, descontrolado, com a volta da inflação”, disse;
- Carlos Portinho (PL-RJ) – “Quero saudar o nosso sabatinado, Galípolo. Uma pessoa de excelente trato, belo currículo, com a experiência que já possui por ter acento no conselho do Banco Central. Divergências políticas de governo a parte, eu quero desejar a você a melhor gestão a frente do Banco Central”, disse. “Eu acredito que suas credenciais lhe permitirão seguir o mesmo trabalho e até mesmo poder ir além” ;
- Renan Calheiros (MDB-AL) – “Vejo [Galípolo] como um quadro qualificado e acho e tenho uma esperança muito grande que poderá ajudar a equacionar a questão da Selic, um dos juros mais altos do mundo”;
- Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) – “Já vou chamá-lo de presidente, porque tenho certeza que será aprovado por unanimidade”;
- Marcos Rogério (PL-RO) – “Eu te dou boas-vindas a essa nova fase da sua carreira. Talvez até hoje vossa senhoria tenha sido ciceroneado, elogiado e reconhecido e, a partir de hoje, talvez, passa a ser alvo, porque o Banco Central goza de autonomia”, disse; “Eu conversei com vossa senhoria quando esteve no meu gabinete e acho suas posições são firmes, pelo menos do que a gente conversa até aqui”, declarou;
- Chico Rodrigues (PSB-RR) – “Pela minha análise muito superficial, mais rápida, vossa excelência nem precisava ser sabatinado, porque parece que já é unanimidade”;
- Paulo Paim (PT-RS) – “Deixo aqui já meu abraço ao futuro presidente do Banco Central. Percebi, querido por todos, independente da situação ou oposição. Cumprimento vossa excelência pela elegância das respostas. Respondeu a todos com a diplomacia que vossa excelência vai atuar também como presidente do Banco Central”;
- Marcos Pontes (PL-SP) – “Primeiro, [queria] cumprimentar nosso futuro presidente do Banco Central. Parabéns”;
- Randolfe Rodrigues (PT-AP) – “Não vou reiterar os elogios porque as loas aqui foram dadas por todo o plenário da Comissão de Assuntos Econômicos. Não tenho dúvida que será aprovado por unanimidade”;
- Zenaide Maia (PSD-RN) – “Parabéns aí. Sei que o senhor é muito bem preparado em tudo, mas eu digo para o povo: só quem não perde são os bancos”;
- Luis Carlos Heinze (PP-RS) – “Parabéns pelo seu trabalho”;
- Jorge Seif (PL-SC) – “Parabéns pela indicação. Parabéns por ser tão jovem e já, através dos seus méritos, estar conquistando uma indicação para controle de uma instituição que é orgulho para o nosso Brasil […] O desafio que o senhor vai ter à frente do Banco Central é muito grande devido ao atual presidente, Roberto Campos. Só para lembrar, apesar da perseguição que ele sofre do atual governo e de alguns membros do nosso parlamento, o presidente Campos Neto, Galípolo, foi eleito em 2020, 2021 e 2023 o melhor presidente do Banco Central do mundo”;
- Bene Camacho (PSD-MA) – “Já lhe disseram todas as qualidades: a sua juventude, a sua competência. Já disseram da sua coragem, da sua calma. E quero acrescentar: pela sua paciência também. Eu creio que todas essas atribuições vão concorrer para que, durante o exercício do seu mandato no Banco Central […], o senhor vai poder dar uma contribuição muito grande para o nosso país”;
Os senadores Rogério Carvalho (PT-SE), Rodrigo Cunha (Podemos-AL), Omar Aziz (PSD-AM) e senador Jaime Bagattoli (PL-RO) discursaram, mas não o elogiaram ou deram parabéns publicamente pela indicação ao cargo de presidente do Banco Central.
HISTÓRICO DE SABATINAS
Em 4 de julho de 2023, a sabatina de Galípolo durou 2 horas e 25 minutos. Teve menos perguntas de senadores: só 10 participaram na época. A sessão também teve a participação de Ailton Aquino, que foi aprovado para ser diretor de Fiscalização do Banco Central.
Leia abaixo o que disse Galípolo em 4 de julho de 2023:
A INDICAÇÃO DE GALÍPOLO
Lula oficializou a indicação de Gabriel Muricca Galípolo à presidência do Banco Central em 28 de agosto de 2024. Já era um movimento esperado. O atual chefe da autoridade, Roberto Campos Neto, deixa o cargo em 31 de dezembro deste ano.
Galípolo é aliado de Lula. Foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda no começo do atual governo, em 2023. Em outras palavras, era o número 2 do ministro Fernando Haddad.
O indicado é diretor de Política Monetária da autoridade desde julho de 2023. Para assumir a vaga, também foi sabatinado no Senado. Ou seja, é a 2ª vez que ele passa pelo crivo da Casa em menos de 2 anos.
Gabriel Galípolo tem 42 anos. É formado em Ciência Econômica e mestre em Economia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Começou na máquina pública em 2007, na gestão de José Serra (PSDB), em São Paulo. Saiba nesta reportagem mais detalhes da vida e da carreira do diretor.
Gabriel Galípolo participou de 10 reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), quando o Banco Central decide o patamar da Selic (taxa básica de juros). Votou com o presidente Campos Neto em 9 ocasiões.
A única reunião do colegiado em que divergiu de Campos Neto foi a de maio de 2024 –quando todos os indicados do governo Lula votaram por um corte de 0,50 ponto percentual na Selic. Os integrantes mais antigos optaram por uma redução menor, de 0,25 ponto percentual.
Galípolo subiu o tom sobre a condução dos juros depois do encontro de julho. Foi uma forma de aumentar a confiança do mercado nos indicados de Lula. O diretor disse que a autoridade aumentaria a taxa básica em uma eventual necessidade.
Lula agora tem que indicar 3 nomes para o órgão: 2 para substituir diretores que terminam o mandato em 31 de dezembro de 2024 e 1 para a vaga deixada por Galípolo.