Eleito em 2020 com 1.001 votos, deixa o legislativo para dedicar-se exclusivamente ao ministério de pastor.
Na verdade, o agora ex-vereador, com o gesto da renúncia de um mandato de vereador que acabaria somente no final deste ano, além de abrir mão do salário mensal maior do que 11 mil reais e tantos outros benefícios do cargo, mostra uma maturidade espiritual digna de aplausos.
Thiago, talvez sem mesmo querer, demonstra que a separação entre Estado e religião é um princípio fundamental em sociedades democráticas, visando garantir a liberdade de crença e assegurar a igualdade de direitos para todos os cidadãos. Contudo, ao longo da história, temos testemunhado líderes religiosos utilizando o púlpito, as igrejas e a influência espiritual para promover suas agendas políticas e até mesmo pedir votos. Essa prática, além de questionável, levanta sérias preocupações sobre a integridade do processo democrático e a liberdade individual.
Muitos líderes religiosos têm se envolvido ativamente na política, transformando o espaço sagrado das igrejas em palcos para discursos partidários. Essa fusão entre religião e política cria um ambiente propício para a manipulação emocional, onde fiéis são persuadidos a apoiar candidatos e partidos específicos com base em crenças religiosas, em vez de análises racionais e críticas.
A instrumentalização da fé para objetivos políticos muitas vezes leva à distorção dos ensinamentos religiosos. Líderes que buscam influenciar a opinião pública frequentemente adaptam as doutrinas religiosas para justificar suas posições políticas, minando a autenticidade da mensagem espiritual.
A exploração da religião na política aumenta o risco de polarização na sociedade, dividindo as comunidades com base em crenças religiosas e criando uma atmosfera de intolerância. Isso vai contra os princípios de inclusão e diversidade que uma sociedade democrática deveria promover. Quando líderes religiosos se tornam agentes políticos ativos, há o perigo de comprometer a liberdade religiosa. Fiéis podem se sentir pressionados a seguir uma determinada orientação política sob a ameaça de exclusão ou censura dentro de suas comunidades religiosas.
Em uma sociedade verdadeiramente democrática, a religião deve ser um espaço de reflexão espiritual e não um palanque político. A instrumentalização da fé para ganhos políticos mina os valores fundamentais que sustentam a democracia e ameaça a liberdade individual. Portanto, é imperativo que a sociedade promova uma análise crítica e vigilante diante da influência política nas instituições religiosas, visando preservar a integridade tanto da esfera espiritual quanto da política.
Ficam aqui os aplausos ao Thiago Zaboti e a dica para outros ditos “líderes espirituais”: respeitem as igrejas, respeitem os membros, respeitem os púlpitos, respeitem a fé e, principalmente, a palavra de Deus.
“Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa” (Êxodo 3:5).